Baseado em uma história real e indicada a 16 Primetime Emmy Awards 2019, a série Olhos que Condenam, dirigida e co-escrita por Ava DuVernay, nos retrata um dos casos mais impressionantes de injustiça do sistema penal e policial norte-americano.
Em 1991, uma jovem branca, bonita e loira, que costumava correr diariamente no Central Park, foi vítima de um estupro brutal, que a deixou em coma e com sequelas irreversíveis.
Acontece que, na mesma noite em que esse crime foi cometido, jovens negros oriundos do bairro do Harlem foram conduzidos a uma delegacia sob a acusação de estarem promovendo algazarra nas ruas. Àquela altura, a polícia ainda não sabia sobre o estupro, mas, a partir do momento em que se teve o conhecimento sobre essa situação, a equipe liderada por Linda Fairstein (Felicity Huffman) tomou para si a responsabilidade de resolver o caso. E eles decidiram ali mesmo que quem havia cometido o crime tinha que ser um daqueles jovens – que tinham entre 14 e 16 anos.
O que se vê em seguida é uma série de abusos cometidos pelos policiais, que tomaram depoimentos de menores de idade sem o devido acompanhamento de um representante legal (sejam os pais ou advogados), que coagiram esses jovens com ameaças e agressões, que os conduziram a contar mentiras que ocasionaram na confissão do crime de estupro. Foi assim que Kevin Richardson (Asante Blackk, em performance indicada ao Emmy de Outstanding Supporting Actor in a Limited Series or Movie), Antron McCray (Caleel Harris), Yusef Salaam (Ethan Herisse), Raymond Santana (Marquis Rodriguez) e Korey Wise (Jharrel Jerome, em atuação indicada ao Emmy de Outstanding Lead Actor in a Limited Series or Movie) foram conduzidos a reformatórios juvenis e a presídios, onde passaram boa parte de sua juventude e início de vida adulta presos por um crime que não cometeram.
Toda essa história nos é contada nos dois primeiros episódios de Olhos que Condenam. O primeiro episódio, que enfoca o trabalho policial para encurralar esses meninos, é revoltante e nos deixa com um embrulho no estômago. Ao longo dos três últimos episódios da série, Ava DuVernay abranda o tom para nos mostrar os efeitos que a condenação teve em cada um desses meninos e em suas famílias. E a diretora peca por não nos mostrar o que realmente aconteceu com os policiais e os promotores que participaram desta farsa.
Porém, além de tudo isso que falamos aqui, Olhos que Condenam é mais uma prova de que ainda temos muito a evoluir como sociedade. Precisamos, antes de tudo, aprender a olhar o nosso semelhante com um olhar empático. Precisamos nos ater à verdade. Precisamos entender que ninguém é melhor do que ninguém por causa de sua cor, religião, classe social ou cultura. Precisamos, acima de tudo, optar por caminhos e escolhas que sejam os corretos e que nos levem à compaixão e ao bem. Quando aprenderemos?