A Warner Bros. TV deu início a uma investigação do produtor e roteirista Andrew Kreisberg. Agora suspenso, o produtor executivo de Arrow, The Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow foi acusado de assédio sexual e comportamento inapropriado ao longo de vários anos, segundo 19 fontes que falaram à Variety.
Em uma declaração conjunta, Greg Berlanti e Sarah Schechter, que supervisionam as séries do Arrowverse pela Berlanti Productions, afirmaram: "Temos sido cooperativos com as investigações da Warner Bros. Não não nada mais importante do que a segurança e o bem-estar de nosso elenco, equipe, produtores e roteristas. Não toleramos assédio e estamos comprometidos a fazer o que for necessário para fazer deste um ambiente de trabalho saudável."
Embora fontes afirmem que Berlanti não sabia do comportamento abusivo de Kreisberg, uma produtora chegou a levar as suas reclamações a um executivo sênior da Berlanti Prods, e conta que não houve resposta: "Nada aconteceu", explica. Nenhum deles chegou a acionar os Recursos Humanos da Warner, com medo do que aconteceria com seus próprios empregos dado o prestígio de Kreisberg.
Segundo a reportagem da Variety, as 19 fontes – que não se identificaram por medo de retaliação – citam os mesmos comportamentos por parte de Kreisberg. As 15 mulheres e os quatro homens entrevistados descrevem toques inapropriados, momentos em que ele pedia massagens às mulheres com que trabalhava e até tentava beijá-las. "Quase todas as fontes citam uma onda constante de comentários sexualizados sobre as aparências das mulheres, suas roupas e o quanto eram desejáveis", descreve a matéria.
O ambiente de trabalho teria se tornado cada vez mais desconfortável à medida que Kreisberg ganhava mais autonomia na produção das quatro séries. "O poder lhe subiu à cabeça", conta um roteirista, citando que a partir disso ficou claro que confrontá-lo seria uma decisão perigosa para a sua própria carreira.
Várias mulheres que trabalham ou trabalharam com Berlanti em vários níveis diferentes de decisão contam que Kreisberg frequentemente fazia piadas de 'acordar ao lado delas', e em uma ocasião chegou até a perguntar o tamanho do sutiã de várias profissionais. Em outro momento, chegou a simular sexo com uma copiadora enquanto estava em reunião com outras duas mulheres, uma das quais pediu demissão pelo desconforto que o comportamento do produtor criava no ambiente de trabalho.
Kreisberg nega veementemente todas as acusações, e justifica: "Eu fiz comentários sobre a aparência das mulheres e suas roupas em minha capacidade de produtor executivo, mas eles não eram sexualizados. Como muitas pessoas, eu já abracei ou beijei alguém na bochecha, de forma não sexual."
Um roteirista que trabalha com Kreisberg há alguns anos conta que já tentou mais de uma vez conversar com ele a respeito de seu comportamento. Além de nada ter mudado, ele conta que Kreisberg passou a ignorá-lo tanto no campo pessoal quanto no profissional. Ele revela que várias mulheres eram contratadas com base apenas nas suas aparências, e sujeitas a comentários depreciativos – principalmente profissionais mais novas, que com pouca experiência e altas expectativas, acabam se sujeitando a este tipo de situação para que consigam manter o sonho e entrar no competitivo mercado de trabalho.
As atrizes Emily Bett Rickards e Melissa Benoist, que trabalham com Kreisberg respectivamentem em Arrow e Supergirl, se pronunciaram publicamente sobre a história.
“Aos homens que cometeram assédio, que perpetuaram a cultura do estupro, que se 'fingiram de cegos' e que reclamam de 'sexismo reverso': vocês são fracos e cúmplices”, escrevem a atriz no seu Twitter. “Às mulheres que encontraram a força para denunciarem. Às mulheres que apoiaram umas às outras e às mulheres que encontraram suas vozes: vocês podem. Vocês são heroínas.”
Também em seu Twitter, Benoist escreveu:
“Eu sou uma mulher que protagoniza um programa que apoia a igualdade e o feminismo, o empoderamento, e lutar pelo que é certo. Sempre tentei conduzir minha vida pessoal também desta forma. Infelizmente, a série e a minha carreira são parte de uma indústria que nem sempre reflete estes sentimentos. Isso é de partir o coração, e às vezes me faz perder as esperanças. Eu sei que não sou a única a se sentir assim. Mas eu sou otimista. Eu acredito que a mudança é possível, e quando as pessoas são maltratadas, elas devem ter um lugar seguro para falarem a verdade sempre serem ouvidas. E quando pessoas estão cometendo crimes ou assediando outras, elas devem sempre pagar pelos seus atos, não importa a indústra em que trabalham ou o quanto poder têm. Eu falei no passado – publicamente ou não – e continuarei a fazê-lo. Todos nós deveríamos, sem medo ou vergonha. Precisamos nos elevar. Então nessa semana, voltarei a trabalhar em Supergirl ainda mais determinada a ser parte da mudança, ouvindo quando as pessoas falarem, e recusando a aceitar um ambiente que seja qualquer coisa menos do que um espaço seguro, respeitoso e colaborativo.”