Com duas séries (208 episódios entre elas) e um punhado de filmes (4, para ser exato), o capitão Jean-Luc Picard é um dos personagens mais míticos de toda Star Trek desde que estreou há mais de 35 anos nas telas da televisão americana. E se seu rosto é o do grande ator Patrick Stewart, é por uma única razão: ele foi "enganado".
É o que admite o britânico, lembrando como teve a oportunidade de revitalizar a franquia de ficção científica estrelando uma nova série, Star Trek: The Next Generation (ST: Nova Geração). Ele tinha sérias dúvidas, em primeiro lugar porque não queria sair do teatro.
Em segundo lugar, porque ele não sabia exatamente o que era Star Trek... apesar de seus filhos assistirem, como ele conta ao Mirror:
Lembro-me de chegar em casa do Royal Shakespeare depois da matinê, bem a tempo de dar a eles [os filhos] o jantar, ler algo para eles e colocá-los na cama antes de voltar para a apresentação da tarde. E eu descobria que eles estavam assistindo a uma coisa na televisão com uns caras de camisetas coloridas. E é só disso que me lembro
Em termos monetários, a oferta foi bastante tentadora (o equivalente a 12 mil libras por semana, em comparação com as 140 que ele ganhava no teatro), mas ele teve que assinar um contrato de seis anos, o que acabou com qualquer esperança de fazer seu amado teatro durante todo esse tempo. E, em particular, ele queria montar uma versão de ponta de Who's Afraid of Virginia Woolf?
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No entanto, seus amigos continuaram a encorajá-lo e, acima de tudo, foi seu agente que o incentivou, assegurando-lhe algo que, mais tarde, saberíamos que não era o caso: que a série seria um fracasso absoluto. Como ele lembrou em abril passado no programa de James Corden:
Meu agente me disse: "Olha, você sabe que não é possível reviver uma série icônica. Não pode. Não vai dar certo. Então você vem para cá, faz uma dúzia de episódios, até menos, ganha algum dinheiro pela primeira vez na vida... e vai para casa." Essa era sua previsão: seis meses, nada mais.
No final, a série teve sete temporadas (1987 a 1994), seguidas de quatro filmes (e, duas décadas depois, uma nova série). Um sucesso evidente que o imortalizou como Capitão Picard, apesar do fato de que ele quase se recusou a participar da série.
E, para sermos justos, temos que dar um passo a favor do roteirista, já que a Paramount teve muito trabalho para fazer essa nova série decolar. Embora eles tivessem grandes esperanças de relançar uma franquia que havia resistido incrivelmente bem após duas décadas, as redes nacionais dos EUA estavam mais do que relutantes com a ideia (como as coisas mudam, hein).
A ABC e a NBC só prometeram considerar o roteiro do piloto; a CBS queria uma minissérie e depois conversariam; a recém-criada FOX estava mais interessada, mas queria apenas treze episódios e seria forçada a trabalhar contra o relógio. Finalmente, eles optaram pela distribuição: vendê-la para redes locais, independentes e afiliadas das "três grandes" para transmissão em primeira janela. Uma jogada arriscada, mas, como vimos, funcionou.