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    Todo vilão da Disney é gay ou drag queen? Descubra os personagens queer coded do estúdio
    Giovanni Rodrigues
    Giovanni Rodrigues
    -Redação
    Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

    Apesar de não tratar abertamente sobre o assunto, algumas animações encontraram outras formas de representar personagens queer em suas histórias.

    Antes de existirem séries orgulhosas como HeartstopperPrimeira Morte e Love, Victor, a história e cultura LGBTQIAP+ foi por muito tempo representada de forma pejorativa, recheada de estereótipos e mensagens subliminares. Apesar de existir demanda por mais diversidade, ainda hoje, grandes estúdios se mostram receosos em representar sexualidade e questões de gênero de maneira explícita

    Não à toa, de 1930 até 1968, esteve em vigor o Código Hays em Hollywood, EUA. Idealizado pelo advogado presbiteriano Will H. Hays, o código de conduta apontava o que era aceitável ou não para produzir filmes no país. Em meio a tópicos como nudez e tráfico de drogas, o documento também considerava proibido qualquer “insinuação de perversões sexuais”, o que, naquela época, sinalizava pessoas queer. 

    No entanto, a lei não fez com que gays, lésbicas e pessoas trans desaparecessem por completo das produções. Isso porque, para incluir personagens LGBTQ+, os criadores usavam códigos para que o público identificasse aquele personagem como “diferente”. Portanto, o queer coding é uma maneira de representar um personagem queer através do subtexto, sendo identificável mas nunca dito em voz alta no cânone.

    Naquela época, era comum que características exageradas fossem atribuídas aos vilões das histórias, para que a narrativa passasse algum tipo de “moral e bons costumes” com o desfecho do personagem. Por conta disso, crescemos com vários vilões marcantes não apenas por seus atos maléficos, mas também por serem essencialmente queer.

    O estereótipo do vilão afeminado

    Especialista em criar personagens codificados, Capitão Gancho é um dos principais exemplos de queer coding da Disney. O pirata persegue Peter Pan pela Terra do Nunca em busca de vingança por ter perdido sua mão e é um homem vaidoso, temperamental e covarde. Além disso, vive com um companheiro do mesmo sexo, o Sr. Smee.Depois de Gancho, outros vilões espalhafatosos a ponto de serem cômicos surgiram.

    Walt Disney Pictures

    Ser dramático, exagerado e amargurado é uma constante quando se trata de vilões clássicos do estúdio. Alguns dos exemplos mais claros são Hades (Hércules), Jafar (Aladdin) e Ratcliffe (Pocahontas), todos são obcecados pelos heróis masculinos de suas histórias, usam roupas chamativas ou possuem algum tipo de acessório dúbio, como o cajado de Jafar.

    Walt Disney Pictures

    Outro exemplo clássico é o tio Scar, de Rei Leão. Apesar de ser um animal, Scar é diferenciado dos outros por gesticular,  tem os olhos delineados e anda mexendo o quadril, como se estivesse sempre desfilando por onde passa. 

    Todos os trejeitos afeminados de Scar foram removidos na versão live-action de 2019, o que consequentemente deixou o personagem sem uma personalidade marcante.  Mas Scar não foi o primeiro vilão felino codificado da Disney, sendo que Shere Khan (Mogli) e príncipe João (Robin Hood) o antecederam neste arquétipo.

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    As Drag Queens da infância

    As vilãs da Disney também não escapam do queer coding. Na verdade, para a criação da personagem Úrsula, John Musker, Ron Clements, Alan Menken e outros profissionais envolvidos com o filme de 1989 admitem que a inspiração para a bruxa foi a icônica drag queen Divine (Pink Flamingos, Hairspray)

    Madame Medusa, Cruella De Vil, Yzma, Malévola, Rainha Má, entre outras, eram personagens sinalizadas como antagonistas da história através do traço angular e, na maioria das vezes, por uma maquiagem forte, bem drag. Com poucas exceções, boa parte delas compartilha do cabelo branco, sobrancelhas arqueadas, sombra e batom bem destacados com uso das cores vermelho, roxo e preto.

    Walt Disney Pictures

    É importante ressaltar que muitos dos personagens citados foram criados por animadores e outros profissionais gays, como Andreas Deja, responsável por supervisionar a criação de Scar (O Rei Leão) e Gaston (Bela e a Fera). Além disso, boa parte dos filmes foram lançados durante a crise de AIDS dos anos 1990.

    Com exceção óbvia de personagens predatórios, a mensagem que o queer coding passa não é considerada necessariamente positiva ou negativa para a comunidade LGBTQIAP+. No entanto, é importante olhar com uma lupa para essas criações e compreender que, por muito tempo, as características que os diferem da norma (príncipes e princesas) eram propositalmente associadas ao mal dessas histórias.

    A Pequena Sereia
    A Pequena Sereia
    Data de lançamento 15 de dezembro de 1989 | 1h 23min
    Criador(es): John Musker, Ron Clements
    Com Jodi Benson, Claire Guyot, Christopher Daniel Barnes
    Usuários
    4,3
    Assista agora no Disney +

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