"O mundo está mudado. Eu sinto isso na água. Eu sinto isso na terra. Eu farejo isso no ar. Muito do que já existiu se perdeu, pois não há mais ninguém vivo que se lembre." Essas palavras foram misteriosamente proferidas pela elfa Galadriel (Cate Blanchett) nos primeiros segundos de O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (2001). Ainda hoje, elas ressoam para todos os fãs da famosa saga como um chamado à aventura, como o começo de um épico, as linhas iniciais de uma obra que transcende o tempo.
Com duração de 7 minutos e 30 segundos, a introdução magistral da trilogia de filmes dirigida por Peter Jackson serve como uma porta de entrada para os recém-chegados ao universo criado por J.R.R. Tolkien, mas também como um lembrete contextual, traçando a longa jornada do Um Anel na Terra Média – desde sua criação até seu encontro com Bilbo Bolseiro (Ian Holm).
Trilogia de O Senhor dos Anéis ganha versões estendidas, com cenas inéditas que somam 2 horas; saiba onde assistirA sequência é toda embalada pelo timbre inconfundível de Blanchett, ao mesmo tempo profundo e sussurrado. No entanto, como aprendemos no comentário em áudio do longa-metragem, a narração foi quase confiada a um ator completamente diferente.
De fato, no início, foi em Ian McKellen, intérprete do mago Gandalf, que a produção havia pensado para gravar a abertura de A Sociedade do Anel. “A certa altura, falou-se de Gandalf contando a história, e eu implorei para eles fazerem isso”, lembrou McKellen, aparentemente frustrado por não ter sido escolhido.
"Eles me disseram: 'Você tem o suficiente para fazer neste filme, você não vai fazer mais o prólogo.' Quando você assiste, eu me pergunto se você acha que é Galadriel ou se você reconhece Cate Blanchett. Não é a mesma coisa", admitiu o ator.
O Senhor dos Anéis: Ian McKellen confessa que inspiração para voz de Gandalf estava mais perto do que imaginavaMcKellen e Blanchett não foram os dois únicos candidatos considerados por Jackson para o cargo de narrador. Como revela no mesmo comentário em áudio, Elijah Wood, que encarna o hobbit Frodo Bolseiro, também foi cogitado. "É difícil se expressar em uma narração tão brilhante", observou ele. "Foi originalmente escrito para Frodo. Mas estou feliz que Cate fez isso. De certa forma, faz mais sentido."
“Os elfos estão lá há milhares de anos”, acrescentou Sean Astin, que deu vida ao fiel escudeiro de Frodo, Sam Gamgee. "Ela [Galadriel] estava lá quando aconteceu. Se você [Elijah] tivesse [feito], não haveria suspense. Frodo só pode falar sobre a história depois de tê-la vivido", opinou.
Mais uma vez, Samwise se mostrou digno de seu apelido (wise vem de "sábio" em inglês): uma história só pode ser contada depois de vivida. Portanto, foi uma decisão acertada entregar a narração a uma personagem secundária – e sobretudo imortal –, deixando toda a expectativa para figuras centrais como Gandalf e Frodo.
