No domingo passado (27), Duna se consagrou um dos grandes vencedores do Oscar, levando para casa incríveis seis estatuetas. Interpretado por Zendaya, Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac; e dirigido por Denis Villeneuve, o longa foi o maior ganhador da premiação, confirmando o status de Villeneuve como um dos maiores talentos cinematográficos da atualidade.
Apesar de todo o sucesso, o que alguns não sabem é que além de ser baseado em um livro de mesmo nome, o filme também é um remake. Em meados da década de 1980, David Lynch deu vida à primeira adaptação já feita da obra, sendo considerado um fracasso de crítica e levando o diretor a chamar a produção de "o maior arrependimento de sua carreira".
Voltando mais ainda no tempo, ali para perto do lançamento do livro, em 1965, o cineasta Alejandro Jodorowsky teve o brilhante lampejo de levar Duna para os cinemas. Na época, nenhum filme sobre a trama havia sido lançado ainda e os planos para o novo projeto eram grandiosos. Para se ter ideia, Jodorowsky cogitava convidar — pasmem — a banda de rock Pink Floyd para compor a trilha sonora, além do ilustrador Chris Foss e H.R. Giger para o departamento de artes. Só por aí já dava para ter uma noção da dimensão da iniciativa.
Dentro dessa perspectiva, o diretor também começou a pensar o elenco do filme, chegando a fechar com nomes como Udo Kie, Gloria Swanson, David Carradine e — isso mesmo — Mick Jagger. Um tempo depois, foi divulgado que mais duas celebridades seriam imprescindíveis para o projeto como um todo: Orson Welles, a grande mente por trás de Cidadão Kane; e o nome mais famosos do movimento artístico surrealista, Salvador Dalí (o pintor viveria o Imperador Padishah). Ou seja, é possível dizer que Jodorowsky tinha a pretensão de chamar os melhores de cada âmbito da arte para a sua suposta obra-prima.
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Os grandiosos planos de Jodorowsky começaram a desabar quando algumas exigências consideradas absurdas de Dalí foram feitas: primeiramente, seu personagem precisaria utilizar, no filme, um vaso sanitário composto por golfinhos. O pintor ainda solicitou que seu salário fosse o maior de Hollywood na época, exigindo também que o diretor aceitasse qualquer mudança pedida por ele.
Além disso, com um orçamento cotado em US$15 milhões — números plausíveis para um blockbuster de décadas atrás — a produção só tinha conseguido angariar US$10 milhões, precisando de um investidor para completar o que faltava. O grande problema é que, apesar de possuir um storyboard bem estruturado, a obra não conseguia investidores, muito por conta de Hollywood não confiar em Jodorowsky, que se recusava a ceder em alguns elementos do departamento criativo do filme. O cineasta estava decidido a criar a maior obra cinematográfica da história, não abrindo mão de forma alguma de que o filme tivesse mais de dez horas de duração, enquanto os investidores desejavam no máximo duas.
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