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    Oscar 2022: Por que tantas pessoas brancas são indicadas? Mudanças ainda estão a caminho
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Medidas pró-diversidade foram divulgadas, mas implementação completa ainda está distante.

    A temporada de premiações da indústria cinematográfica está prestes a ser encerrada com o evento mais esperado de Hollywood, o Oscar. Realizada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas a honraria chega em sua 94ª edição em 2022.

    Cada vez mais próxima do centenário, a premiação foi colocada em cheque em inúmeros momentos ao longo dos últimos anos. Para citar alguns movimentos que mudaram a forma como o evento é conduzido, temos o levante #OscarsSoWhite impulsionado pela comunicadora April Reign em 2015, que questionava a falta de pessoas negras ou não brancas indicadas. Dois anos depois, o Me Too fez com que Hollywood se voltasse à presença das mulheres nas telas e fora delas, a partir de conturbados bastidores, recheados de denúncias de assédio e ações guiadas pelo machismo.

    E por qual motivo essas reivindicações surgiram ao longo dos últimos anos? Por que? Pois seguindo importantes mudanças da sociedade, principalmente de cunho identitário, a competição pela estatueta de ouro também precisou se atualizar - trata-se de um pedido tanto do público cinéfilo que acompanha anualmente as movimentações do cinema, quanto de profissionais envolvidos nas diversas estruturas da indústria cinematográfica.

    Mudanças pró-diversidade

    Em resposta aos constantes movimentos, agora impulsionados em várias potências pelas redes sociais, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas se propôs a tomar algumas atitudes que proporcionassem um resultado mais diverso e inclusivo na honraria.

    A organização passou a expandir o número de cineastas, produtores, roteiristas, atores e profissionais no quadro de membros votantes. Em 2015, apenas 8% das pessoas votantes não eram brancas. Após a implementação das medidas de inclusão, o número dobrou em 2019. O mesmo ocorreu com a porcentagem de mulheres envolvidas no processo de votação: foi de 25% para 32% em quatro anos.

    A Academia também fez um esforço em abarcar pessoas de diferentes partes do mundo, que hoje recebe votos de 82 países e territórios. Atualmente, o Brasil é representadopor Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Alice Braga, Carlinhos Brown, Anna Muylaert, Fernanda Montenegro, Sônia Braga, José Padilha, Karim Aïnouz, entre outros.

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    “A necessidade de tratarmos desse assunto é urgente”, disse Dawn Hudson, diretora executiva da Academia, em comunicado de 2020. “Para esse fim, alteramos – e continuaremos a examinar – nossas regras e procedimentos para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e celebradas."

    Fruto dessas medidas, a partir deste ano, a categoria de Melhor Filme necessita de dez filmes. Diferente das edições passadas, essa quantia não era obrigatória. A organização também divulgou critérios que devem ser seguidos até 2024. A partir do 96º Oscar, os candidatos à categoria de Melhor Filme devem atender a dois de quatro critérios.

    Entre os novos padrões de inscrição, deve-se ter representação na tela, em temas e narrativas, pessoas de grupo sub-representados em cargos de liderança criativa e nas demais funções do projeto, além da presença de mulheres, pessoas não brancas, LGBTQIA+ e pessoas com deficiências físicas, auditivas ou cognitivas em diversos estágios da produção.

    Indicações e premiações de pessoas não brancas no Oscar

    Ainda que essas medidas sejam gradualmente abarcadas pelo Oscar, ainda há um grande caminho para se trilhar. Primeiramente, apesar de serem do conhecimento público, tais critérios ainda levarão dois anos para serem integrados por completo. Dessa forma, não há como a transformação ser imediata. Mesmo que isso transborde para outras nomeações, tais condições são destinadas a projetos inscritos na disputa por Melhor Filme.

    Até hoje, apenas cinco negros ganharam o Oscar de Melhor Ator ou Atriz. Sidney Poitier foi o primeiro, em 1964, por Uma Voz nas SombrasDenzel Washington (Dia de Treinamento), Halle Berry (A Última Ceia), Jamie Foxx (Ray) e Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia) vieram na sequência, com o último em 2007.

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    Anteriormente, em 1940, Hattie McDaniel se tornou a primeira atriz negra a ganhar o Oscar. Na ocasião, ela não pôde participar da festa "somente para brancos", ficou em uma mesa segregada e entrou apenas para receber a estatueta.

    Desde o ano passado, o evento presenciou novos rostos ganhando os holofotes. Yuh-Jung Youn, por Minari, foi a primeira pessoa coreana a ganhar um Oscar de atuação. Judas e o Messias Negro também fez história ao ser um filme indicado com uma equipe de produção totalmente negra, formada por Shaka King, Charles D. King e Ryan Coogler. Ainda em 2021, Chloé Zhao se tornou a primeira mulher não branca a ganhar o prêmio de Melhor Direção.

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    O fato que responde a provocação inicial também está na sequência de "primeiros" que são celebrados - vitórias inéditas ou pouco vistas por pessoas que representam comunidades sub-representadas. Algumas das questões elencadas pelos novos critérios da premiação também denunciam que a falta de diversidade está em diversas camadas de tais projetos que chegam ao público - da equipe de cenografia a roteiristas, atores e cineastas.

    Mia Neal ao receber o Oscar de Melhor Maquiagem e Penteados por A Voz Suprema do Blues, se tornou uma das primeiras mulheres negras a ganhar o prêmio. Ela ofereceu as honras a outros negros, asiáticos, latinos, indígenas, queer, trans e todos que estão à margem. Na ocasião, ela declarou: "Um dia a [nossa vitória] não será inovadora ou incomum, será apenas normal". As mudanças podem ser vistas nesses últimos dois anos e também estão no horizonte, mas a grande transformação ainda está a caminho.

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