Depois de perder seu marido da maneira mais trágica possível — pouco após o casamento —, Dora (Thati Lopes) tenta lidar com o luto, enquanto seus dois melhores amigos, André (Yuri Marçal) e Lucas (Vitor Thiré), reacendem a chama do amor que sentiam por ela durante a escola. Logo, os dois começam a disputar o amor da garota, enquanto percebem que seus sentimentos são conflitantes à situação.
Mesmo com um enredo que chega a flertar com o drama (ou quem sabe um suspense?), o filme Cedo Demais tem a proposta de partir de uma temática mórbida para iniciar uma trama leve e divertida. Com direção de José Lavigne, responsável por conceber verdadeiros clássicos da televisão, como Casseta & Planeta e TV Pirata, o longa chega aos cinemas brasileiros no ano que vem.
Aproveitando as gravações do filme, o AdoroCinema visitou o set de filmagens no Rio de Janeiro, onde o elenco principal gravava uma importante cena, com direito até a animais silvestres digitalizados. Lá, além dos três protagonistas, estava também a atriz Roberta Rodrigues, que faz uma participação especial como uma veterinária.
E falando em veterinária, sua presença é bem justificada na trama, já que Dora sofre de ornitofobia, ou, medo exacerbado de aves, para os leigos. De acordo com Thati, inclusive, ela própria também tem problemas com animais, além de outras questões que ajudam a construir seu temor: "Eu preciso estar sentindo medo, não funciona se eu estiver tentando fazer graça".
E como encontrar um elenco tão icônico? Na opinião de Lavigne, a resposta é simples e categórica: "Olha, é muito fácil porque... a gente escalou bem. Tem o Yuri Marçal, que vem do stand-up, tem o Vitor Thiré, que é uma coisa mais teatral, e aí tem a Thati Lopes que é a cara do Porta dos Fundos nesse momento, né?".
Mas se enganam os que pensam que o choque de gerações entre José e seu elenco, que cresceu justamente com o humor muitas vezes encabeçado e comandado por ele, faz algum mal.
"É surreal. Quando eu fiquei sabendo, e aí eu fui dar aquele 'Googlezinho' rápido pra ver o que ele fez, e aí você vai vendo o currículo e cê fala 'Meu Deus, não vai ser bom pra mim isso não, ele vai descobrir que eu sou uma farsa", falou Thati.
"Mas, não, tá sendo incrível, ele é demais. Tá um processo muito leve, até com o elenco mesmo, só não gosto de dois", brincou. Ou não. Thiré, aliás, teve a mesma pegada: "A Thati eu já conhecia há bem mais tempo, na verdade, o Yuri eu não conhecia mas já era fã... Enfim, eu tô adorando fazer com todos eles. Até porque se eu falar mal eles me batem".
Mas o quanto de si cada um resolveu colocar em seu respectivo personagem? Na opinião de Marçal, separar as entidades de 'artista' e 'personagem' é algo que beira ao impossível: "Eu acho que posso estar cagando regra aqui, porque só tenho três anos de carreira, mas acho que dificilmente o personagem tem zero do ator. Na comédia eu diria que é quase impossível".
No seu caso, particularmente, foi a ingenuidade perante aos flertes (opa!) a característica que incorporou em André: "O André ele tem algumas coisas que eu percebi lendo o roteiro, que eu me identifico. Por exemplo, ele é meio lerdo, não percebe flerte, não percebe quando a pessoa tá interessada nele, e eu sou muito assim".
Por fim, um questionamento ainda rodeava nossas cabeças. Um filme de comédia, que começa com um personagem morrendo, e a trama segue-se tendo isso como fio condutor... talvez os mais velhos lembrem-se do clássico Um Morto Muito Louco, dos anos 80. E será que Cedo Demais bebe dessa fonte?
"Claro, com certeza. Eu fico mais no drama que na comédia, mais no início do filme. Mas, assim, pensando, claro, nesse desespero. Porque, pra vocês, assistindo, pode estar engraçado, mas preciso fazer de verdade", disse Thati. Por fim, tanto os que desejarem conferir o quanto Um Morto Muito Louco se parece com Cedo Demais, quanto os que sequer fazem ideia do que estamos falando, o filme estreja por aqui no primeiro semestre de 2020!