Coringa estreou no Festival de Veneza no último sábado (31) sob oito minutos de aplausos e com críticas que destacam o rompimento da forma dos quadrinhos, o trabalho de Joaquin Phoenix (já tem gente até falando em Oscar) e uma história que pode ser "perigosa para as pessoas erradas".
O filme dirigido por Todd Phillips obteve críticas primariamente positivas, com alguns veículos e jornalistas destacando que a história pode ser um tanto controversa. Afinal, estamos falando de um filme de origem de um dos vilões mais memoráveis da DC Entertainment, em uma abordagem revisionista que insere a transformação de Arthur Fleck em Coringa em um contexto sócio-político, de acordo com as críticas, atual e pungente, mas potencialmente insensível.
Para o The Hollywood Reporter, Joker (no original) é "construído ao redor de uma espiral crível de excluído solitário a assassino enlouquecido, e um estudo psicológico neo-noir ancorado em alienação urbana e inspirado em Taxi Driver como o retrato da ascensão de um super vilão. É indiscutivelmente o melhor filme adjacente a Batman desde O Cavaleiro das Trevas, e a Warner deve esperar bons números de bilheterias para refletir isso. O fato imperdível da performance arrebatadora de Joaquin Phoenix — ao mesmo tempo incômoda e impactante — será significante".
Joaquin Phoenix perdeu 23 quilos para fazer CoringaEm contrapartida, o IndieWire pontua: "Enquanto Coringa frequentemente parece uma refilmagem cena a cena de O Rei da Comédia, aquele filme era sobre um homem sem talento que foi convencido de que era especial; este filme, por contraste, é sobre um homem talentoso que engole a pílula vermelha e se convence de que ninguém é. Essa perspective permite a Phillips simular uma posição apolítica e falar para pessoas em nosso mundo que estão predispostas a pensar em Arthur como um modelo: homens brancos solitários, criativamente impotentes que são atraídos por ideologias de ódio por causa das comunidades raivosas que se fomentam ao redor deles."
O texto continua: "É uma abordagem confusa e auto-negativa para um filme que vê vingança pessoal como uma fagulha viável para uma revolução política, e uma abordagem profundamente perigosa para um filme que está muito impressionado com a própria subversão para ver Arthur como alguma coisa além de um herói. A direção de fotografia linda e sombria de Lawrence Sher bajula o Coringa, os close-ups assistindo a Phoenix fazer sua dança como Twyla Tharp como se estivesse possuído por um espírito santificado. Mas a direção de Phillips falha em não nos colocar dentro da cabeça de Arthur — em não arriscar uma identificação com mais nuances que viria de uma câmera mais subjetiva".
A Variety concorda com o lado elogioso: "Coringa consegue fazer a façanha ágil de contar a origem do Coringa como se fosse sem precedentes. Sentimos quando Bruce Wayne chega na história; ele está lá menos como uma força do que como um presságio. E sentimos uma emoção quando Arthur, saindo do outro lado de sua fúria, emerge com uma maquiagem borrada, cabelos verdes e um terno colorido."
Para a Forbes, trata-se de um dos melhores filmes do ano: "Coringa é uma conquista incrível que vai agradar aos fãs do personagem e do gênero de super-herói, assim como aos espectadores que estão apenas em busca de um filme incrível para adultos."
A Vanity Fair ecoa os pensamentos preocupados: "Há um inegável estilo e uma carga propulsora em Coringa, um filme que aparece e zomba com inexorabilidade sórdida. É empolgante da forma mais lasciva, um filme sobre a morte da ordem, sobre a podridão do ethos governamental. Mas de um passo atrás, fora do calor veneziano, pode ser uma propaganda irresponsável para os próprios homens que coloca como patológicos. Coringa é celebratório ou aterrorizado? Ou simplesmente não existe diferença, da forma que não havia diferença em Assassinos por Natureza, ou na miríade de outros filmes no estilo 'Ah, cara, a América' sobre o fascínio libertário da depravação?"
Coringa chega aos cinemas brasileiros em 3 de outubro.