Como é o rosto do cinema nacional? Qual imagem somos responsáveis por imprimir ao redor do mundo — e até mesmo para nossos próprios espectadores? Após a controvérsia envolvendo recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a presença de ativismo e pornografia no cinema nacional (citando Bruna Surfistinha como exemplo), o jornal O Globo realizou um levantamento sobre o conteúdo das 185 produções brasileiras de 2018.
Quanto aos gêneros, o Drama ocupa a primeira posição com uma folga considerável de 63%, enquanto a comédia vem logo depois, com 25%. Thriller/Suspense fecha o top 3 com 13%, seguido por Romance (10%), Ação/Aventura e Terror (ambos com 7%) e, por fim, Sci-Fi/Fantasia e Infantil com 5%.
Já as temáticas são lideradas por Relacionamentos Humanos, com 16,2%. Família e Biografia fica logo atrás, respectivamente com 10,8% e 10,2%. Política e Corrupção empatam com Música nos 5,9%, enquanto Violência Urbana e Social está junto à Ditadura, com 4,8%. Todos na faixa dos 3% e 2%, Amizade, LGBT, Esporte, Meio Ambiente e Religião não empatam por cerca de 1% de diferença. Apenas nos últimos lugares estão Tráfico e Drogas (1,6%) e Prostituição (1%).
Apesar de contar com apenas 2,1% das temáticas, os filmes religiosos possuem nas mãos um posto considerável: a maior bilheteria do ano foi de Nada a Perder, cinebiografia do líder evangélico Edir Macedo. O posto de líder era ocupado, até então, por Os Dez Mandamentos - O Filme, também religioso. O número de 185 longas realizados no Brasil no último ano também é um recorde: desde a retomada do cinema brasileiro, há 25 anos, esta foi a maior quantidade.
No entanto, foi no drama que o Brasil viu suas maiores conquistas e premiações em festivais: e são justamente eles que enquadram o maior número de temáticas diferentes dentro das mesmas obras. Tinta Bruta, O Animal Cordial, O Animal Sonhado e Benzinho são alguns exemplos de recortes feitos em cima de tramas com as mais diversas abordagens.
Seguindo um caso parecido com os das histórias religiosas, os filmes infantis também estão no topo das bilheterias, mesmo sem tantas realizações. Tudo por um Popstar e Detetives do Prédio Azul 2 — O Mistério Italiano, por exemplo, estão entre as cinco maiores arrecadações do último ano.
O estudo foi feito com base no Ministério da Justiça, órgão responsável por determinar a faixa etária dos nossos filmes de acordo com os assuntos e o conteúdo, no geral. Agora resta esperar os levantamentos de 2019.