É difícil pensar em Nouvelle Vague, no cinema moderno francês, sem pensar em Agnes Varda. A cineasta belga, uma das precursoras do movimento cinematográfico, morreu na noite desta quinta-feira (28) em sua casa, após lutar contra um câncer. Segundo o comunicado divulgado hoje por sua família e equipe, "Varda estava cercada por sua família e amigos".
De personalidade despojada e alegre, Varda tinha como uma de suas grandes características uma visão documental até mesmo em ficções. E a fama de precursora não vem por acaso: seu primeiro filme, La Pointe-Courte (1955), apresenta os traços da Nouvelle Vague mesmo tendo estreado anos antes do que muitos historiadores consideram o marco-zero do movimento, com Os Incompreendidos (1959), Hiroshima, Meu Amor (1959) e Acossado (1960). Filmes esses dirigidos por outros grandes nomes do cinema: François Truffaut, Alan Resnais e Jean-Luc Godard.
Apesar de não ter recebido o mesmo reconhecimento que os diretores na época do movimento, Varda sempre foi conhecida pelos cinéfilos e admiradores como uma diretora e fotógrafa transgressora e, sobretudo, uma grande voz do feminismo. Ela possuía um leque diversificado de temas que buscou abordar ao longo de sua carreira – sempre se posicionando a favor da humanidade e da simplicidade das coisas.
Varda recebeu seu Oscar honorário (o primeiro a ser entregue para uma diretora mulher) em 2017 e foi indicada à premiação com seu documentário Visages, Villages em 2018. A obra, focada em uma viagem da diretora pela França ao lado do artista JR, é um belo registro do olhar que ela tinha para com o mundo. Seu último filme, um documentário intitulado Varda par Agnès, estreou no Festival de Berlim deste ano.
Alguns de seus filmes mais conhecidos são Cleo das 5 às 7, Os Renegados e As Duas Faces da Felicidade. Do cinema francês para o mundo, Varda deixou um vasto legado para a arte. Descanse em paz!