Se tem uma coisa comum para os filmes e animações da Disney, é o fato de que o personagem principal perdeu ou a mãe ou o pai – geralmente antes mesmo dos eventos mostrados no roteiro começarem.
Em O Rei Leão, não foi diferente. Porém, Simba perdeu Mufasa quase na metade do filme, em uma cena que fez (e ainda faz) o público chorar. Ou seja, foi algo inédito para a Disney matar um personagem tão importante no decorrer da trama. De acordo com o codiretor Rob Minkoff, todo o processo de fazer clássica animação foi um experimento.
"É uma instituição do estúdio, certo? Porque não é apenas um filme, é a peça da Broadway, são as sequências e a nova série de TV... Continua. Então, é interessante" disse Minkoff em entrevista ao Collider, relembrando que a história ganhou uma premiada versão teatral, duas sequências – O Rei Leão 2 - O Reino de Simba e O Rei Leão 3: Hakuna Matata – e A Guarda do Leão uma série de TV animada que continua a história.
"Uma das coisas que [Jon Favreau, diretor do live-action de O Rei Leão] disse, que eu achei realmente fascinante, foi: 'Se fizéssemos este filme pela primeira vez hoje, o estúdio nunca nos permitiria matar a Mufasa do jeito que fizemos' Porque não é na primeira parte do filme."
E continuou: "Em um filme como Procurando Nemo, a mãe é morta, mas acontece na primeira cena e, em seguida, torna-se um tipo de prólogo, mas não temos nenhum apego emocional. Realmente matar um personagem tão importante quanto Mufasa, no meio do filme, quero dizer literalmente na terceira parte do filme, não é típico. Simplesmente não é o que se faz. Você não necessariamente faz isso. Então, nós fizemos, não pela concepção, mas pelo fato de que não era baseado em algo, e era uma espécie de história original, e ninguém sabia quais eram as regras. Então, dissemos: 'Bem, acho que vamos tentar'".
Minkoff ainda explicou que a experimentação durou ao longo de toda a produção do filme, criando uma oportunidade para os cineastas deixarem de lado as noções preconcebidas para um filme animado e fazerem coisas mais audaciosas, como a própria morte de Mufasa e o fato de que Timão e Pumba iriam cantar a música romântica "Can You Feel The Love Tonight?" ("Esta Noite o Amor Chegou", em português), mas Elton John não gostou da ideia.
"Na verdade, Jeffrey Katzenberg [presidente da Disney na época] falou muito sobre Pocahontas e O Rei Leão estarem em produção ao mesmo tempo. Ele disse: 'Pocahontas é Amor, Sublime Amor encontra com Dança com Lobos. O Rei Leão, por outro lado, é um experimento. Então, nós realmente não sabemos'", explicou o cineasta. "Mas o fato de que ele nos permitiu fazer um filme sem precedentes reais, sem fórmula verdadeira... Porque em Hollywood, particularmente, as pessoas adoram uma fórmula, certo? É um guia. Se você entender as regras, é como se fosse o que você deveria fazer. De repente, se você não tem uma fórmula – todo mundo quer uma fórmula, mas se você não tiver, você realmente é forçado a fazer algo diferente."
"Então [...] foi uma bênção, de verdade, que o filme não foi percebido de certa forma, como uma coisa mais segura. Acho que permitiu que nós experimentássemos. Nós tentamos... Acredite, quer dizer, esse era o clima da nossa produção... Nós tentaríamos tudo. Tudo e qualquer coisa. Tipo, o que vamos fazer aqui? Vamos tentar, porque não há regras."
O Rei Leão foi relançado em uma edição especial neste mês de agosto nos Estados Unidos. A produção também vai ganhar uma versão live-action prevista para julho de 2019, dirigida por Jon Favreau e com Donald Glover, James Earl Jones, Seth Rogen e Billy Eichner no elenco.