Paul Verhoeven se estabeleceu no sistema de estúdios com uma marca autoral: filmes sujos, subversivos, muito críticos e cheios de humor negro. Seus maiores sucessos, O Vingador do Futuro e RoboCop - O Policial do Futuro, são exemplos disso. E, então, Hollywood tomou a burra decisão de refilmá-los. Resultados: filmes limpos, pasteurizados, sem graça nenhuma. Como disse o próprio, em entrevista recente ao Collider.
"De alguma forma, eles parecem achar a leveza de O Vingador do Futuro e Robocop um obstáculo. Aí eles pegam essas histórias absurdas e as levam muito a sério. Eu acho isso um erro", disse Verhoeven, citando um exemplo específico no Robocop de José Padilha: em vez de um cérebro artificial, como no original, o protagonista do remake de 2014 mantém as lembranças anteriores ao seu acidente — o que, em sua opinião, torna o filme muito pesado.
"Eu não acho que isso ajude o filme em nenhum aspecto. Isso se torna mais bobo e absurdo, mas da forma errada. Ambos os filmes precisaram do distanciamento da sátira ou da comédia para estabelecê-lo para os espectadores. Fazê-lo sóbrio, sem humor nenhum, é um problema, não uma melhora", opina Verhoeven.
Anne-Christine Poujoulat / AFP/Getty Images
Autor de clássicos cult, como Tropas Estelares e Showgirls, Paul Verhoeven se prepara para lançar Elle — que, para sua surpresa, tem tido uma recepção bem positiva. "Fui avisado, meses antes de Cannes, que o filme seria polêmico. Mas eu ainda estou esperando a polêmica. É estranho", conta o cineasta, esperando que a controvérsia finalmente aconteça quando o filme finalmente "chegar nas ruas".
Elle é estrelado pela premiada atriz francesa Isabelle Huppert e teve sua estreia no Brasil garantida recentemente. A data agendada é 17 de novembro.
