Capitão América: Guerra Civil acaba de chegar aos cinemas e você provavelmente já optou pelo lado do time de Steve Rogers (Chris Evans) ou Tony Stark (Robert Downey Jr.) Mesmo que ainda não tenha feito sua escolha, uma certeza é imbatível: a Marvel/ Disney vai sair ganhado (milhões ou bilhões de dólares) – e você também, provavelmente, só que será pago na moeda da “diversão”.
Muito antes de Capitão América Vs. Homem de Ferro, no entanto, Hollywood já punha franquias para brigar, desde 1943, pelo menos. Uma iniciativa comercial, claro, que, a julgar pelos resultados de bilheteria, deve permanecer, não como tendência, mas como estratégia (já tem confronto previsto para 2020, por exemplo).
É um pedaço dessa história que a gente recupera nos casos abaixo:
01. Frankenstein Encontra o Lobisomem (1943)
O jornalista Tim Robey, do The Telegraph, conta que Curt Siodmak, roteirista do hit O Lobisomem (1941), uma vez fez uma piada na cantina dos estúdios Universal, dizendo que precisava de um carro novo e que o encontro do Lobisomem com Frankenstein seria sua garantia de trocar de veículo. Para sua surpresa, o produtor George Waggner disse ao escritor para, então... comprar um novo carro. Embora não muito lembrado, o resultado é Frankenstein Encontra o Lobisomem (Frankenstein Meets the Wolf Man), de 1943, sequência direta de O Lobisomem (The Wolf Man), além de quinto filme da franquia Frankenstein – com Bela Lugosi no papel do monstro costurado.
02. King Kong vs Godzilla (1962)/ Godzilla vs Kong (2020)
King Kong vs Frankenstein. Essa era a ideia original de Willis O’Brien, o animador de stop-motion responsável pelo primeiro filme do macacão, de 1933. A produção previa um embate entre o primata gigante e uma versão igualmente aumentada do monstro criado por Mary Shelley pelas ruas de São Francisco. Embora o enredo soe um tanto estranho, os potenciais custos de produção foram o motivo que levou o dono do dinheiro, John Beck, a desistir da ideia. Ou, pelo menos, adaptá-la, com o aporte financeiro de outro estúdio. Em contato com os japoneses da lendária Toho, Beck conseguiu convencer (ou ser convencido) de que a troca de Frankenstein por outro monstro da “estatura” do King Kong faria mais sentido, e assim nasceu King Kong vs Godzilla, em 1962, outro sucesso comercial. Agora (na verdade, no futuro), o estúdio Legendary, que se afastou da Universal, fechou um acordo com a Warner Bros. e confirmou o lançamento de Godzilla vs. Kong, previsto para 2020.
03. Freddy X Jason (2003)
Um salto no tempo e chegamos em 2003, no embate entre Freddy X Jason. A ideia de juntar os dois vilões, no entanto, era um projeto bem mais antigo, de 1987, mas a New line não tinha conseguido chegar a um acordo com a Paramount. Depois de dez filmes Sexta-Feira 13 e da floppada de Jason X (2002), estava claro para os produtores que a franquia precisava de uma chacoalhada. Resultado: ao custo de US$ 30 milhões, Freddy X Jason abocanhou US$ 115 milhões no mundo todo, estreando líder nas bilheterias norte-americanas. A título de comparação, Jason X, ao preço de US$ 11 milhões, arrecadou quase US$ 17 milhões globais, tenho chegado apenas em terceiro lugar no fim de semana de estreia nos Estados Unidos.
04. Alien vs Predador (2004)
Muito se falou a respeito de um encontro entre Alien e o Predador nos cinemas desde que crânios dos personagens da série Alien foram “vistos” na sala de troféus da nave espacial em uma cena de Predador 2, em 1990. O encontro oficial, no entanto, demorou quase 15 para se concretizar. Embora o anunciado embate tenha resultado em um fracasso de crítica, indicado ao Framboesa de Ouro de pior remake ou sequência, Alien vs Predador faturou US$ 172 milhões nas bilheterias do mundo todo, ao passo que Predador 2, por exemplo, “só” arrecadou US$ 57 milhões – uma estratégia de “revitalizar” a franquia semelhante à adotada pelos produtores de Freddy vs Jason um ano antes.
05. Batman Vs. Superman – A Origem da Justiça (2016)
Batman Vs. Superman pode não ser o maior sucesso de crítica de uma superprodução da DC (com apenas 27% de aprovação no Rotten Tomatoes), mas quem (no caso, os produtores) liga? Primeiro porque a sequência de Homem de Aço já arrecadou mais de US$ 855 milhões no mundo todo (embora, para se pagar, devido aos custos de lançamento, o filme precise bater o bilhão, a produção já é o maior público da Warner Bros. no Brasil, levando mais de oito milhões de pessoas aos cinemas), segundo porque abre espaço para a expansão do universo estendido da DC Comics nos cinemas, com a introdução de pelo menos mais sete filmes: Mulher-Maravilha (2017), Liga da Justiça Parte Um (2017), The Batman (2018), Aquaman (2018), The Flash (2018), Liga da Justiça Parte Dois (2019) e Cyborg (2020).
Bônus. Mega Shark vs Giant Octopus (2009)
Se um mega tubarão pode encarar um polvo gigante (Mega Shark Vs Giant Octopus), por que não colocá-lo frente a frente com um “crocossauro” (Mega Shark vs Crocosaurus), uma versão robótica dele mesmo (Mega Shark Vs. Mecha Shark) ou um robô gigante dos tempos da Guerra Fria (Mega Shark vs. Kolossus)?