O faroeste é, sem dúvida, um dos gêneros mais emblemáticos do cinema americano. Muito além do entretenimento, ele ajudou a moldar mitos e lendas para uma nação jovem, criando uma narrativa épica sobre coragem, aventura e desbravamento. Mas, no meio da construção desse legado, surgiram também estereótipos, especialmente na representação dos nativos americanos.
Foi no meio desse cenário que Sangue de Heróis (1948), de John Ford, se destacou como um faroeste inovador e essencial por sua visão mais complexa e humanizada dos povos indígenas.
Em Sangue de Heróis, o Tenente-Coronel Owen Thursday (Henry Fonda), herói da Guerra Civil, é enviado para o Forte Apache, na fronteira com o México. A calma local é abalada quando os Apaches fogem e o arrogante Thursday tem a chance que esperava de ousar e alcançar a glória militar.
Querendo ver sangue, o tenente-coronel antes terá de enfrentar a oposição do capitão Kirby York (John Wayne), que acredita numa resolução pacífica. Enquanto Thursday representa a sede de poder e a imposição de autoridade, York surge como uma espécie de bússola moral, questionando as ações do colega e trazendo uma abordagem mais ética para a situação.
O nascimento de um império
O filme marca uma das mais interessantes colaborações entre Fonda e Wayne, onde Thursday é um personagem sombrio e ambicioso, determinado a conquistar prestígio, mesmo que isso custe a vida de inocentes. Já o personagem de Wayne não é o herói clássico do faroeste, mas um defensor da justiça e da paz, um papel de moralidade que desafia os impulsos violentos de Thursday.
Ford, com sua habilidade cinematográfica inigualável, aproveita o cenário do Velho Oeste para explorar as nuances da moralidade americana. Sangue de Heróis sugere que o desejo de expansão dos pioneiros evoluiu para uma ânsia de domínio e construção de império.
O filme de faroeste de maior bilheteria de todos os tempos foi lançado há apenas 12 anos: Fez história ao destronar Kevin Costner em Dança com LobosNo final, vemos como as ações de homens como Thursday expõem o lado sombrio da busca pela glória e o afastamento dos valores originais que deveriam fundamentar a nação. John Ford constrói um épico que, ao mesmo tempo, entretém e leva o público a refletir sobre o que está por trás da história americana e os sacrifícios feitos em nome de um “sonho de nação”.
*Conteúdo Global AdoroCinema.
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