Sentar na sala escura e se desligar do mundo real por algumas horas é uma experiência que só o cinema pode proporcionar. Embora o streaming seja uma fonte de acesso para muitas produções interessantes, das originais às vindas das telonas, a vivência completa é proposta exclusivamente nestes ambientes.
Ainda que hoje sejamos pegos por uma parte da audiência que pode atrapalhar esse momento, com luzes de celulares e conversas altas durante a exibição do filme, existe uma certa magia ao pegar uma sessão e assistir a uma boa narrativa. Isso ganha um peso ainda maior quando pensamos no isolamento durante a pandemia.
Por que gostamos tanto de filmes violentos? Ciência explicaRetornar às salas de cinema foi algo gradual e que hoje, devido aos grandes números de bilheteria e às constantes movimentações da indústria, podemos considerar como um ritmo semelhante ao mundo de 2019. No entanto, uma coisa compartilhada em qualquer experiência com a sétima arte é a sensação de que, ao terminar de ver uma boa história, muitas pessoas se sentem dentro de um filme.
Esse fenômeno de incorporar personagens, trejeitos e dar floreios à imaginação com base no que foi visto é explicado pela psicologia. Primeiramente, a imersão proposta por produções cinematográficas faz com que muitos incorporem elementos da fantasia na vida real. Neste sentido, o indivíduo carrega aspectos da narrativa após ser transportado para esse mundo. Isso, é claro, só acontece com um alto nível de envolvimento emocional.
A identificação também é uma resposta. Quando há semelhanças entre a pessoa e algum personagem, um exercício de empatia acaba aproximando ambos. Isso gera impacto no espectador, a ponto de trazer questões do filme para fora das telas. Normalmente isso também abarca longas reflexões no público, que pode se colocar no lugar daqueles que viveram a história na ficção.
Dependendo do teor do longa-metragem, as pessoas podem ter grandes mudanças em crenças e atitudes. Dessa forma, é interessante observar como, de fato, filmes mudam completamente a vida de muitos que conseguem estabelecer um engajamento com o que é apresentado. Convicções são desafiadas e até mudadas de acordo com a relação criada durante os minutos em que a exibição acontece.
“É a coisa mais intensa que já ouvi em um cinema”: Ryan Reynolds implora à Marvel por um novo filme sobre este convidado especial de Deadpool & WolverinePor exemplo, muitos podem assistir a filmes que abordem histórias de refugiados, como Lágrimas do Sol ou Era o Hotel Cambridge, e mudam suas perspectivas sobre a situação na vida real ou quando diversas pessoas assistiram a produções LGBTQIAPN+, como Moonlight e Rafiki, e compreendem que fazem parte da comunidade.
No mais, é fácil associar essa questão com a necessidade de escape da realidade, que pode ser muito diferente e rude comparada ao que é mostrado na telona, além de nós seres humanos seremos facilmente levados pela imaginação e pela emoção. Observe como crianças conseguem se entregar a estes dois últimos aspectos, "tornando-se" um super-herói, parte de uma equipe ou ganhando poderes por um curto período após o fim da sessão.
Essa sensação é responsável por muitas pessoas idealizarem o amor após assistirem comédias românticas, imaginando o encontro perfeito em uma loja de bolos, esbarrando na pessoa amada ou em uma ocasião completamente clichê, porém fofa. Projetos como Um Lugar Chamado Notting Hill e a trilogia iniciada com Antes do Amanhecer fornecem essa vivência. Quando um filme de espionagem é tão bem feito que parte do público sai da sessão adotando as práticas dos protagonistas em uma versão alternativa do James Bond, o 007, o mesmo fenômeno acontece.
Ainda existem diversas explicações para esse investimento do público, mas é certo que a magia do cinema nos transporta para universos cativantes de maneira muito efetiva. Em caso de boas histórias, esse investimento emocional sempre transforma a vida de quem depositou a confiança na sétima arte.
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