Alguns diretores se inspiram em grandes nomes do cinema para manter seu sonho em dia, e outros tentam a todo custo superar seus feitos, como é o caso do cineasta Jahangir Salehi, que acreditava que conseguiria superar Steven Spielberg e lançar uma produção maior que o clássico E.T.
Ele faria isso com Dangerous Men, um thriller de ação que provavelmente poucas pessoas conhecem, já que passou sem deixar rastros por apenas uma semana nos cinemas norte-americanos e foi carregado por duras e ruins críticas.
Qual a história de Dangerous Men ?
Na trama, após sofrer uma violenta agressão em que seu noivo é assassinado, Mina (Melody Wiggins) se torna uma vingadora noturna com um único objetivo em mente: acabar com a vida de todos os homens perigosos que possam fazer mal às mulheres. Enquanto isso, o irmão policial de seu noivo também busca acabar com a gangue de motoqueiros associada ao assassinato.
Apesar do desastre em seu lançamento, a história por trás do filme consegue trazer uma nova percepção sobre a produção. Jahangir Salehi, um arquiteto iraniano que havia produzido alguns projetos cinematográficos em seu país, começou a trabalhar no filme em 1984, com o intuito de realizar sua primeira produção em território norte-americano.
Ele assumiu todas as funções do filme, que escreveu, dirigiu e produziu sob o pseudônimo John S. Rad. Além de arcar com a distribuição do próprio bolso. A primeira versão do filme ficou pronta rapidamente, já em 1985, mas demorou 20 anos para estar totalmente finalizada.
Apesar de termos exemplos bem-sucedidos de projetos que demoram anos para serem lançados por conta da exigência de seus diretores, esse não foi o caso de Salehi, as duas décadas não tiveram nada a ver com perfeccionismo.
O sonho ambicioso de superar Steven Spielberg
Assim, para fazer o longa-metragem, o arquiteto-diretor espremeu seus poucos recursos ao máximo: por um lado, ele cuidou de tudo, mas também apostou em contratar atores não profissionais para protagonizar o filme e em usar técnicas pouco convencionais de montagem que resultaram em cortes incoerentes no filme finalizado.
"Ele pagava 10 dólares por dia e um hambúrguer", contou Zack Carlson, programador do Fantastic Fest onde o filme também foi exibido em 2015, de acordo com o que um dos membros do elenco lhe contou.
Outra das "atrizes", Donna Ohana, nem se lembra de ter sido paga, mas recorda que o diretor tinha em mente que seu filme seria um grande acontecimento: "Ele me disse que este seria o maior filme já visto. As palavras exatas que usou foram: 'Isso vai ser maior que E.T.'"
Segundo Ohana, Rad quis mostrar um primeiro corte já em 1985 e até alugou um cinema para isso: "Ele alugou o Teatro Avco na Wilshire Boulevard. Estávamos empolgados. Pensamos: 'Uau, isso vai ser incrível.' No entanto, depois de assistir, todos ficaram horrorizados: 'Nos olhamos e dissemos: 'Droga'. Sabíamos que era terrível ali mesmo. Saímos. Eu me senti envergonhada!"
O diretor, estava decidido a seguir em frente, mas, em algum momento, decidiu que o filme não estava pronto e passou vários anos fazendo alterações que, ao que parece, incluíam usar cenas de outro filme. No final, Dangerous Men ficou pronto em 2005.
Infelizmente, Rad morreu pouco depois, em 2007, então tudo o que aconteceu naqueles 20 anos em que ele ficou revisando seu filme é realmente um mistério. No entanto, sua filha, Samira Wenzel, forneceu algumas pistas em uma entrevista à Vanity Fair por ocasião de um relançamento do filme em 2015, já com distribuidora.
Steven Spielberg + Tom Hanks + Meryl Streep: 3 bons motivos para assistir a este filme disponível na NetflixEla comentou como o pai tinha a necessidade de fazer tudo sozinho e à sua maneira: "Não queria dívidas. Queria ter dinheiro em mãos. Não queria deixar o trabalho de sua vida nas mãos de ninguém. Sempre buscava a perfeição, mas a perfeição em seus olhos era diferente da perfeição nos nossos."
"E isso pode ser visto no filme", afirmou Wenzel. A história de um diretor orgulhoso que fez tudo sozinho. Não era um bom filme, mas, ao mesmo tempo, muitos concordaram que acabava sendo uma experiência fascinante.
"Ele nunca desistiu. Dizia: 'Até morrer, não vou desistir deste filme. Este filme pode ter sucesso, simplesmente não estou alcançando as pessoas certas nem o lugar certo" completou a filha do falecido diretor. John S. Rad nunca pôde assistir ao relançamento em 2015, quando a Drafthouse Films adquiriu os direitos para sua distribuição.
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