Por mais que tenha perdido o primeiro lugar que ocupou durante mais de uma década e agora tenha que se contentar com o quarto lugar, Titanic é sem dúvida um dos maiores sucessos de bilheteira da história do cinema e a marca que deixou na cultura popular é enorme. O épico desastre romântico de James Cameron conseguiu igualar o recorde detido até então apenas por Ben-Hur (1959) com sua vitória em nada menos que 11 categorias do Oscar em 1998, feito que mais tarde seria igualado por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003), mas que nenhum outro filme conseguiu superar.
Tanto pela emocionante representação da história de amor entre Jack Dawson e Rose DeWitt Bukater, interpretados pelos magníficos Leonardo DiCaprio e Kate Winslet que estabeleceriam uma amizade para toda a vida, quanto pela sequência ainda absolutamente espetacular do naufrágio do transatlântico, Titanic é praticamente perfeito. Uma joia adorada em todo o mundo que marcou uma geração e continua sendo reconhecida pelas suas conquistas técnicas nunca antes vistas – por mais que Cameron já exibia aquele perfeccionismo e ambição visionária em todos os seus filmes anteriores.
Mas é claro que o Titanic também tem as suas pequenas falhas e James Cameron está longe de estar satisfeito com todos os aspectos do seu sucesso multimilionário e já falou em diversas ocasiões sobre alguns deles.
Titanic: James Cameron passou muito tempo trabalhando para consertar um erro no filme – mas alguns ainda passaramUma das mais conhecidas está escondida na cena mais icônica do filme, em que Jack e Rose se sentem como se voassem amarrados à proa do Titanic: segundo Cameron, eles ficaram sem tempo para filmar com o pôr do sol real, então eles tiveram que dar uma versão final que não era absolutamente perfeita. Uma falha que ele continua vendo a cada momento, mas que nós, espectadores, não perceberíamos.
Porém, longe de serem pequenos defeitos visíveis apenas para Cameron e que ele gostaria que tivessem uma aparência melhor, a realidade é que há uma cena da qual ele se arrepende. Especificamente, uma sequência que tem como protagonista um dos personagens que era uma pessoa real: William Murdoch, o primeiro oficial a bordo do Titanic que estava no comando do navio que bateu no iceberg e que é interpretado no filme pelo ator Ewan Stewart.
William Murdoch, a representação de um personagem real que James Cameron lamenta
No filme, presumivelmente para aumentar a tensão dramática da sequência do naufrágio, o diretor mostra William Murdoch aceitando suborno de Cal Hockley (Billy Zane), em troca de um lugar garantido a bordo de um dos botes salva-vidas, enquanto um pouco mais adiante na parte do naufrágio, o vimos disparando seu revólver duas vezes contra passageiros em pânico, antes de apontar a arma para si mesmo e acabar com a própria vida. Uma representação que fez seus parentes se sentirem mal, para grande pesar de Cameron.
Durante o naufrágio em 1912, quando o navio foi evacuado, testemunhas teriam visto Murdoch ajudando as pessoas a entrar nos botes salva-vidas do convés superior. Na verdade, Charles Lightoller, segundo oficial a bordo do Titanic, responsável por dirigir a evacuação dos navios a bombordo do navio (e que seria o oficial de mais alta patente a sobreviver), testemunharia ter visto seu colega e superior Murdoch ajudando as pessoas, enquanto ele próprio partiu em um barco salva-vidas. Murdoch morreria na catástrofe.
Embora algumas testemunhas tenham afirmado ter ouvido tiros após abandonar o navio, enquanto outras afirmaram ter visto um oficial atirar contra os passageiros na tentativa de controlar a multidão, nenhum depoimento identificou especificamente o primeiro oficial. Da mesma forma, a história sobre o alegado suicídio deste oficial nunca foi confirmada.
A representação do oficial pelo Titanic chocou especialmente a cidade natal de Murdoch, Dalbeattie, e levou a uma reclamação liderada por seu sobrinho, então com 80 anos. Os produtores do filme pediram desculpas publicamente. Por sua vez, James Cameron fala abertamente sobre isso no documentário da National Geographic Titanic: 20 Years Later:
Tomei a liberdade de mostrá-lo atirando em alguém e depois atirando em si mesmo... Não sabemos se ele fez isso, mas você sabe, o narrador em mim diz, 'Oh'. Começo a ligar os pontos. Ele estava de plantão, carregava todo aquele fardo consigo, o que fazia dele um personagem interessante. Eu não estava pensando em ser historiador e não acho que fui sensível ao fato de que sua família, seus sobreviventes, poderiam ficar ofendidos com isso. E eles ficaram
*Conteúdo global AdoroCinema
Fique por dentro das novidades dos filmes e séries e receba oportunidades exclusivas. Ouça OdeioCinema no Spotify ou em sua plataforma de áudio favorita, participe do nosso Canal no WhatsApp e seja um Adorer de Carteirinha!