Hoje em dia, Alien, o 8º Passageiro (1979) nos parece um filme morno em seu aspecto mais visual. Ou até mesmo elegante, por causa do pouco que mostra o monstro e da inteligência com que usa as mortes fora de quadro. Na época de seu lançamento, entretanto, o filme foi recebido de uma maneira muito diferente: espectadores horrorizados e os mais sensíveis até mesmo se sentindo mal nos cinemas. Aqueles eram os tempos em que um filme como este ou O Exorcista ainda conseguia fazer o público desmaiar.
Não é de se admirar: Star Wars havia chegado aos cinemas apenas dois anos antes e havia estabelecido uma visão infinitamente mais gentil do futuro, de naves espaciais e criaturas alienígenas. Em Alien, vemos, meia hora depois do início do filme, uma criatura viscosa e feroz atravessar o peito do que parecia ser um dos protagonistas do filme e sair para o lado de fora.
Terry Rawlings, editor do filme de Ridley Scott, conta no documentário The Beast Within: The Making of Alien como ele viu em primeira mão a reação inicial do público em uma das primeiras exibições do filme: “Chegamos a um cinema tão luxuoso que era possível comer no chão. O som era ótimo. Foi a pré-estreia mais incrível que já vi: as pessoas estavam gritando e correndo para fora do cinema”.
A cena do golpe no peito durante o café da manhã no Nostromo foi forte demais para muitos espectadores. Rawlings continua:
A administração do cinema estava nos dizendo: ‘Isso é um desastre. As pessoas estão passando mal’. E nós pensamos: ‘Isso é ótimo’
E é normal que pensassem assim: um impacto como este não se compra com uma campanha publicitária. Naquele momento, a equipe sabia que tinha em mãos um filme que ficaria na memória dos espectadores. Os ingredientes de um clássico.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema.
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