Com Duna: Parte 2 já começando a quebrar seus próprios recordes no cinema, vamos relembrar uma cena lindamente escrita do primeiro filme que nenhum fã jamais terá a chance de ver representada.
Os cortes nos filmes são inevitáveis. Quantas cenas de nossos filmes favoritos já perdemos para economizar tempo ou claridade? Embora algumas sequências, filmadas em película ou simplesmente deixadas em papel, sejam dispensáveis, outras parecem mais importantes, especialmente aos olhos dos fãs que as descobrem muito tempo depois, nostálgicos por não estarem em seu filme favorito, ou nem terem sido gravadas.
No caso de um filme tão denso e imenso como Duna, é óbvio que cortes tiveram que ser feitos... e mais cortes! Não temos dúvidas de que o mesmo se aplica às suas sequências, que incluem um terceiro volume que está sendo revelado aos poucos...
Como você sabe, Denis Villeneuve é intransigente sobre o assunto: seu primeiro filme, que deveria durar 4 horas, perdeu 1h30 de filmagem - cenas perdidas que ele não tem intenção de revelar, como ele disse ao Collider.
"Às vezes eu corto cenas e penso: 'Não acredito que estou tirando isso'. Sinto-me como um samurai abrindo seu estômago, é doloroso. Portanto, não posso voltar e criar [uma criatura de] Frankenstein, reanimando coisas que eu mesmo matei. Quando está morto, está morto, e por um bom motivo".
Ele é inflexível: "De fato, é doloroso, mas é o meu trabalho. É o filme antes de tudo. Acho que sou muito rigoroso na sala de edição. Não coloco o ego em primeiro lugar, coloco o filme em primeiro lugar".
Warner Bros.
É uma ética de trabalho que precisamos respeitar - com uma pontada de tristeza mesmo assim, especialmente quando pensamos na famosa cena de ação descrita por Jason Momoa (inesquecível no papel do mestre de armas e mentor de Paul Atreides, Duncan Idaho) que acabou sendo sacrificada na edição.
"O que realmente me atraiu foi o fato de Duncan ser um explorador. Foi emocionante filmar a cena em que ele deixa a nave furtiva e cai no espaço para aterrissar em Arrakis", revelou o ator no kit de imprensa, uma acrobacia espetacular que nunca apareceu no filme.
Uma cena significativa que não veremos
E há outra cena que não veremos, apesar de fazer parte do roteiro, como podemos ver na postagem abaixo. Um momento simples, mas significativo e comovente entre Leto e Paul Atreides, entre pai e filho, entre Oscar Isaac e Timothée Chalamet, que teríamos adorado ver na tela.
Confira o trecho do roteiro original postado por um fã no X (antigo Twitter) e sua tradução abaixo:
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"EXT. RESIDÊNCIA DE ARRAKEEN - VARANDA - DIA
Paul olha para a cidade. E as dunas além.
LETO (fora da tela): Lisan al-Gaib.
Paul se vira e vê seu pai se juntando a ele.
LETO: É assim que eles o chamam, não é? Voz do mundo exterior.
Ele vê algo no rosto de Paul. Seu tom alegre se torna sóbrio.
LETO: Isso o confunde.
PAUL: Lenda é uma palavra bonita para mentira.
LETO: Acho que você tem medo de que seja verdade.
Paul olha para baixo, surpreso com tudo o que Leto pode ver. Mas ele é seu pai. E ele confia nele mais do que em qualquer outro. Ele expõe seu coração.
PAUL: Como posso traçar meu curso se meu destino foi escrito antes de eu nascer?
Leto se junta a ele na balaustrada, observando Arrakis.
LETO: Se eu lhe disser que um dia você se encontrará no topo de uma montanha, que diferença faz? Você ainda tem de escalar a montanha. (Pausa) O destino não nos concede nada - e não nos tira nada. Temos que lutar e sangrar pelo futuro que queremos. Porque, no final das contas, só há uma maneira de saber se uma profecia é verdadeira. (Ele se volta para Paul) Nós a merecemos.
Paul acena com a cabeça. Como se um peso tivesse sido tirado.
E sua formalidade dá lugar a um abraço. Porque Paul está com medo. E Leto sabe disso.
E ele o ama, não importa quem ele supostamente seja. Para o inferno com as profecias".
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Warner Bros.
Com ou sem suas cenas deletadas, Duna continua sendo uma obra-prima que não pode ser negada, graças à profundidade de sua história (graças a Frank Herbert, autor dos romances), à fidelidade (na medida do possível) de seu roteiro adaptado, à precisão de sua direção, à beleza de sua fotografia e ao desempenho de seus atores comprometidos e apaixonados.
Quanto à sua sequência, certamente também teve que sacrificar algumas de suas cenas para chegar até nós: entendemos, mas não diríamos não a uma versão mais longa.
Um brinde a todas as cenas perdidas do cinema.
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