Ao longo dos anos, a Disney se destacou por adaptar grandes histórias, contos, mitos e lendas à sua própria perspectiva, mas, às vezes, também negligenciou os detalhes mais meticulosos e obscuros dessas produções. Assim, em 1997, o estúdio se aventurou na odisseia de um jovem deus que, tendo perdido seus poderes, precisa provar que é um verdadeiro herói para retornar ao Olimpo, onde seus pais, Zeus e Hera, o aguardam ansiosamente.
O filme em questão era Hércules, que conquistou o carinho do público e passou a ser considerado um dos melhores filmes épicos da Disney. No entanto, a controvérsia não o deixou de lado e até lhe rendeu comentários depreciativos de governos de todo o mundo, como no caso da Grécia, onde se considerou que essa adaptação não respeitava os mitos fundadores dessa cultura.
Como a criação da animação sobre Hércules foi originalmente planejada desde 1992 para ampliar o escopo criativo da Disney para além dos contos de fadas nórdicos e europeus, como A Pequena Sereia e Cinderela, a empresa se baseou em vários episódios da cultura grega para essa produção.
Embora primeiro tenham tentado abordar a Odisseia de Homero, essa obra se mostrou extremamente complexa devido à vastidão dos personagens nela contidos e, por isso, a perspectiva foi mudada para Hércules, em uma proposta do animador Joe Haidar.
Depois de uma viagem à Grécia para se aprofundar na história do herói mítico, a equipe de criação da Disney levou a sério a explicação de um guia turístico de que “um mito era uma coleção de várias ideias” e, assim, criou uma história que, embora tenha alguns elementos do personagem, não segue as linhas tradicionais desse semideus.
Quando a animação ficou pronta, a Disney tentou estreá-la na Grécia com uma grande cerimônia de exibição na Colina Pnyx, em Atenas, mas, para sua surpresa, o governo grego se opôs a isso porque a recepção da obra pela imprensa e pelos cidadãos do país não foi boa.
Por outro lado, muitos não viram com bons olhos a intromissão da Disney na cultura local, apontando, em alguns casos, que o estúdio ignorou completamente a grande tradição de Hércules e sintetizou o filme em um drama romântico.
Para jornais como o Adesmevtos Typos, o filme foi “outro caso de estrangeiros distorcendo nossa história e cultura apenas para satisfazer seus interesses comerciais”, e isso foi agravado pela má recepção nas bilheterias, na qual rendeu apenas 252 milhões de dólares.
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