O fato de David Fincher ser visto como um mestre do suspense tem muito a ver com o fato de que é principalmente nesse terreno que ele pode mostrar seus talentos. Porque estamos falando de alguém que também fez comédias satíricas (Clube da Luta) e dramas (O Curioso Caso de Benjamin Button), mas que nem sempre tiveram a recepção esperada. O gênero mais sombrio de suspense e investigação acabou sendo, ironicamente, uma zona de conforto para ele.
Não é que ele não tenha se interessado por espetáculos maiores (afinal, ele chegou perto de dirigir projetos como Homem-Aranha, Missão Impossível e a sequência de Guerra Mundial Z), mas o terreno rígido do suspense é onde ele pode exercer o controle da forma e da substância que tanto deseja.
Quando o pânico chega em casa
O Quarto do Pânico, lançado em 2002, é um exemplo de filme pouco apreciado de Fincher, mas que é quase uma relíquia do passado. Um exercício de suspense e terror hitchcockiano que não costuma ser considerado no mesmo nível de seus melhores filmes, mas é inegavelmente notável em sua execução de uma premissa bastante atrativa.
Jodie Foster, Kristen Stewart, Forest Whitaker e Jared Leto estrelam esse trabalho – que pode ser alugado no Prime Video.
Foster e Stewart são mãe e filha que estão em busca de um novo lar após um amargo divórcio. Elas encontram uma residência no Upper West Side com o surpreendente bônus de um quarto do pânico para servir de refúgio em caso de emergência. Surpreendentemente, as duas terão que fazer uso desse recurso em sua primeira noite, quando um grupo de ladrões com motivos misteriosos invade a casa.
A abordagem de Fincher ao gênero de invasão de domicílio é muito interessante, concentrando-se na necessidade de não sair do quarto em vez de encontrar uma maneira de escapar da casa. O diretor aproveita todos os cantos e recantos dessa casa para dar ritmo e energia constante a esse suspense de terror que administra bem suas surpresas.
Além disso, foi “milagroso”, já que a complexa produção tornou impossível levar o projeto adiante, tendo que trocar de atriz logo após o início (Nicole Kidman seria a protagonista) e reorganizar as filmagens devido à gravidez de Foster.
O Quarto do Pânico: elegância e morbidez
Fincher consegue dar um toque de elegância e morbidez ao roteiro de David Koepp, que, nas mãos de outros, poderia ter causado constrangimento com alguns de seus elementos (diabetes como um elemento para adicionar urgência). O diretor canaliza seu “Alfred Hitchcock interior”, palpável até mesmo em uma sensacional sequência de créditos de abertura, e consegue aprimorar ao máximo um filme com uma abordagem simples.
Também há espaço para explorar as tensões econômicas ou o pânico de ser uma mãe solo, sem nunca interromper o ritmo e a tensão. Situações bem planejadas, que Fincher elabora com encenação suprema e ótimo uso de inserções. Teria sido melhor se tivesse durado uma hora e meia, mas é um filme que não decepciona.
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