Há um filme que é tão ruim que se torna ótimo: The Room (2003)o absurdo longa-metragem que Tommy Wiseau financiou do próprio bolso, escreveu e dirigiu há 20 anos, é tão cafona e (despropositadamente) engraçado que, quando foi promovido, seu criador até parou de vendê-lo como um drama e o chamou de comédia.
The Room é um desastre que chega ao sublime, ideal para ver com os amigos e na sua versão original – porque é o único filme cuja edição chega quase a “melhorá-lo”. Junto com Troll 2, eles também são considerados os dois "melhores piores filmes" da história.
Assim como no The Rocky Horror Picture Show, a atmosfera de suas exibições em comemoração ao aniversário é incrível. No cinema, uma espécie de cerimônia com um grupo de fãs vestidos com colheres de plástico cantando e gritando a cada momento-chave.
AS RAZÕES DO SEU SUCESSO
O que diferencia The Room de outros filmes “ruins” é que você não fica entediado nem por um segundo. Somos cativados por seu absurdo, sua personalidade egocêntrica e o homem que o criou. O filme de Tommy Wiseau é de fato uma coleção interminável de estranheza e momentos improváveis que parecem ter sido filmados nos anos 90, e apresentam seu personagem principal que o fascina tanto que é louco.
Johnny é um homem traído por seus amigos e sua namorada: um mártir em um drama moderno com uma aparência emaciada e um olhar perdido que revela um ser que não nos parece exatamente humano.
Wiseau-Films
Filmado com câmera digital e filme 35mm ao mesmo tempo e, portanto, com iluminação que difere de um dispositivo para outro, é impossível resumir “a experiência The Room” em poucas palavras. Conflitos que surgem e desaparecem instantaneamente, mudanças repentinas de humor nos personagens, suas expressões irreais e suas memórias duvidosas: está tudo lá.
Adaptação de uma peça do próprio autor que ninguém quis financiar, o longa-metragem teve ainda direito à sua versão livro com cerca de 500 páginas que também ninguém quis editar.
Mas Wiseau era um homem com uma missão e decidiu arriscar cerca de US$ 6 milhões do próprio bolso. Ninguém sabe de onde ele tira essa quantia, mas, acima de tudo, ninguém sabe realmente quem ele é, de onde vem ou o que realmente faz para viver – embora ele afirme que o dinheiro vem de sua atividade de importação de jaquetas de couro. Tudo ao redor homem é duvidoso e participa do lado OVNI do projeto.
Tommy Wiseau cogita lançar The Room em 3D após sucesso de Artista do DesastreNo entanto, sua natureza obsessiva tornou as filmagens impossíveis. Ele teve que substituir a maior parte da equipe porque as pessoas se recusaram a trabalhar com ele. Até mesmo um dos personagens principais, Peter, é interpretado por um ator diferente bem no meio do filme.
UM FENÔMENO CULT
O culto a The Room é muito atual e vem junto com suas exibições à meia-noite, seus milhões de memes, suas paródias e seus videogames. Enquanto isso, Tommy Wiseau diverte o público com cada um de seus tweets.
O direto provavelmente está viciado em atenção depois de Artista do Desastre, o making-off de seu filme dirigido e estrelado por ninguém menos que James Franco, pelo qual este também ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia por sua interpretação de Wiseau. O filme também foi indicado ao Oscar de roteiro e ao Globo de Ouro na categoria Melhor Comédia.
Warner Bros.
Desde então, The Room teve um remake intitulado The Room Returns! (2023) com ninguém menos que Bob Odenkirk interpretando Wiseau e Mike Flanagan como Peter.
The Room foi disponibilizado pelo próprio diretor no YouTube, mas retirado do ar tempos depois. Enquanto isso, Artista do Desastre pode ser conferido via aluguel na mesma plataforma.
O mundo agora aguarda o próximo filme de Tommy Wiseau, Big Shark, apresentando um ataque de tubarão em Nova Orleans, enquanto o diretor assume com sucesso seu papel de ícone peculiar.