A história do cinema é pontuada por exemplos de filmes que, por razões muito diversas, não conseguiram chegar aos cinemas e um dos casos mais curiosos que se encaixam nessa categoria é o de Empires of The Deep. Basicamente, o longa era o sonho de Jon Jiang, um rico magnata do setor imobiliário chinês, cativado pelo Avatar de James Cameron, e seu uso de 3D.
Foi assim que o empresário colocou 130 milhões na mesa - e, depois, no lixo: trabalhando como roteirista em seu tempo livre e escrevendo histórias de fantasia e ficção científica, Jiang tem uma imaginação transbordante - ao criar a história de Empires of The Deep, ele sentiu que tinha material suficiente para fazer não um, mas três filmes.
Originalmente chamada de Ilha da Sereia, a história se passa na época da Grécia Antiga, onde uma rainha sereia busca salvar seu pai e, incidentalmente, seu reino subaquático.
EQUIPE INTERNACIONAL E CAOS NA PRODUÇÂO
O site Atavist relatou os bastidores absolutamente caóticos da produção do filme. Supostamente, uma coprodução sino-americana deveria por si só atrair nomes grandes, como o de Irvin Kershner, que é ninguém menos que o diretor de O Império Contra-Ataca, mas ele não embarcou na história original do filme.
O diretor acreditava que a ideia original de Jiang, de criar um filme sobre um antigo reino de sereias, não funcionaria para um público ocidental mais amplo. Em vez disso, ofereceu a Jiang um conto moderno de ficção científica, no qual um grupo de indivíduos acidentalmente tropeça em um reino subaquático. Mas Jiang recusou a ideia, o que levou à saída de Kershner.
Nada menos que quatro diretores chegam ao projeto: Jonathan Lawrence, Michael French e Scott Miller, além do francês Pitof. Desde o início, no entanto, algo estava errado, como Jonathan Lawrence contou quando começou a filmar em janeiro de 2010.
O cineasta ficou estarrecido ao ver apenas 20 figurantes aparecerem para a gravação de uma cena, onde 500 estavam planejados - e se queixavam de não terem sido pagos. Várias atrizes ocidentais foram abordadas para o papel-título, incluindo Monica Bellucci e Sharon Stone, antes da chegada definitiva de Olga Kurylenko, que havia feito 007 - Quantum of Solace, e ganhou 1 milhão de dólares pelo papel.
Mas a atriz não conseguiu fazer nada para salvar Empires of The Deep de um afogamento completo. As filmagens começaram antes mesmo do roteiro ser concluído - um roteiro, aliás, que foi entregue com muita dificuldade, com nada menos que 40 versões diferentes. Um primeiro trailer 3D foi mostrado em abril de 2010 durante uma coletiva de imprensa em Pequim, com a atriz.
Em outubro de 2012, novas imagens apareceram, em que os efeitos digitais foram visivelmente aprimorados. Mas para efeitos visuais que tinham a pretensão de subir ao nível dos de Avatar, seria necessário melhorar muito mais.
À PROCURA DE DISTRIBUIDORES
Em 2014, Jiang contratou o editor favorito de Steven Spielberg, Michael Khan, para cuidar de seu filme. Desesperadamente procurando um distribuidor nos Estados Unidos, as esperanças de Jiang foram frustradas logo após uma exibição nos escritórios da Sony Pictures em Los Angeles. Entre efeitos especiais inacabados e uma trama costurada com fios brancos, tudo foi um desastre.
Em janeiro de 2016, outro trailer do filme, com melhor CGI, foi lançado em um site de financiamento coletivo. Os produtores então pediram 1 milhão de yuans (o equivalente a R$ 680 mil hoje) para ajudar a completar o filme, com uma data de lançamento marcada para abril de 2016 - o dinheiro nunca foi levantado.
Conclusão: Empires of The Deep foi um projeto dolorosamente arrastado por quase seis anos, 130 milhões de dólares viraram fumaça, nenhum distribuidor, e abandono de atores e atrizes que nunca foram pagos.