À medida que o trabalho de Damien Chazelle progride, torna-se mais difícil concretizar sua posição sobre sucesso e ambição. Muitos não duvidam que seus filmes são sobre como sempre há preços a pagar para alcançar a grandeza, mas sempre há detalhes que mostram como realizar sonhos às vezes traz infelicidade. E quando uma indústria gigante envolvida, você pode terminar pisoteado por ela com facilidade.
É surpreendente que uma de suas explorações mais deslumbrantes e extremas sobre o assunto tenha sido a mais negligenciada na época. Tanto em sua estreia nos cinemas, quanto no Oscar, que só indicou a (ótima) música de Justin Hurwitz, figurino e design de produção (luxuoso). Em sua passagem para o mercado digital nacional começou a receber mais consideração, mostrando que Babilônia é um filme que merecia mais.
Qual é a história de Babilônia?
Uma odisseia explosiva pela Hollywood de antigamente, com estúdios ainda formando o que entendemos hoje como uma indústria e com as primeiras estrelas de cinema começando a brilhar. Margot Robbie, Brad Pitt e o revelação Diego Calva nos levam pela mão nessa jornada insana, que, agora, está disponível nos catálogos Paramount+ e Telecine, assim como por aluguel no Amazon Prime Video.
A turnê acontece em Los Angeles, já se aproximando do final dos anos 1920. Calva é um jovem e ambicioso garoto mexicano que quer entrar na indústria cinematográfica, assim como a aspirante a estrela Nellie LaRoy (Robbie), que busca sua lacuna entre a depravação e o espetáculo. O cinema mudo traz alegria para a atriz e para pessoas como o personagem de Pitt, mas a chegada dos filmes sonoros vai atrapalhar sua situação.
O filme de Chazelle fica mais interessante quanto mais investiga essa mudança de paradigma que Hollywood está vivendo devido a uma mudança tecnológica. As filmagens eram uma coisa frenética e o cinema sonoro impôs um novo modelo.
Do topo ao fundo do poço
As mudanças no cinema fecharam algumas portas ao mesmo tempo em que abriram outras (embora também com preços a pagar, como prova o personagem do saxofonista de jazz de Jovan Adepo), como sobraram muitas na estrada. Pode-se dizer que é o preço a pagar pelo progresso, mas Chazelle não se furta a mostrar o impacto devastador que a mudança tem em algumas vidas. Ele até se atreve a ir para poços de escuridão que correm o risco de atrapalhar o filme, embora consiga se recompor em seu ótimo e icônico final.
Você poderia falar de Babilônia como o lado B feio do mais eufórico e elegante A Cidade das Estrelas (La La Land). Chazelle filma com movimentos de câmera espetaculares, fotografia extraordinária e uma direção muito suave e hilária de atores para fazer desta uma grande e dolorosa comédia sobre uma Hollywood em transição. Uma não tão diferente da apresentada agora com streaming e Inteligência Artificial.