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    Esta versão da Barbie foi levada à Justiça e banida dos cinemas (Margot Robbie não teria permitido isso)
    Lucas Leone
    Lucas Leone
    -Redator | Crítico
    Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

    O mundo cor-de-rosa criado por Greta Gerwig está longe de ser a adaptação mais transgressora da boneca da Mattel.

    Falta cada vez menos para a estreia de Barbie, filme dirigido por Greta Gerwig e que traz Margot Robbie como a versão em carne e osso da famosa boneca da Mattel. O longa, que chega ao Brasil no dia 20 de julho com Oppenheimer, de Christopher Nolan, promete ser uma das maiores bilheterias do ano. No entanto, o mundo cor-de-rosa também habitado por Ken (Ryan Gosling) está longe de ser a adaptação mais transgressora do brinquedo.

    Em 1987, enquanto estudava Artes no Bard College, no estado de Nova York, Todd Haynes coescreveu com Cynthia Schneider e dirigiu Superstar: The Karen Carpenter Story, um curta-metragem biográfico sobre os últimos 17 anos da vida da icônica cantora americana que tinha anorexia e que acabou morrendo devido ao distúrbio alimentar em 1983. Para contar sua história, foram utilizadas justamente Barbies.

    Museum of Arts and Design

    O filme de 43 minutos rapidamente se tornou cult devido à sua originalidade e à sua natureza experimental. O diretor aproveitou as bonecas não apenas para narrar a batalha difícil de Carpenter, mas também para retratar a influência cultural dos Carpenters, cuja música apareceu em filmes como Sombras da Noite, de Tim Burton, e Shrek para Sempre, da DreamWorks.

    A fragilidade emocional e física da artista é representada através de bonecas abatidas, imagens de arquivo, falsas cabeças falantes e uso extensivo – não autorizado – da discografia dos Carpenters. Embora muitos tenham criticado a zombaria, classificando-a como de mau gosto, o que chama a atenção é que Haynes caminha habilmente sobre uma corda bamba que oscila entre a cruel ironia e a comovente sinceridade.

    Museum of Arts and Design

    De fato, Haynes – que recentemente estreou em Cannes seu novo longa, May December, com Natalie Portman e Julianne Moore – não tem como alvo Karen, e sim a máquina da fama e a forma brutal com que cineastas e jornalistas retratam a vida das celebridades. Na verdade, Karen surge no filme como uma figura simpática, uma heroína trágica. A música também é usada com o maior respeito; emocionante e poderosa é a quietude das bonecas que fingem cantar.

    Apesar de sua audácia, a obra nunca estreou nos Estados Unidos. Richard Carpenter, que estava chateado com a representação dele e de sua família, processou Haynes por direitos autorais e ganhou, bloqueando assim qualquer possível lançamento nos cinemas. Haynes, que prepara seu próximo filme, Fever, com Michelle Williams, propôs exibir o curta sobre Karen "apenas em escolas e clínicas para promover um programa de pesquisa em torno da anorexia".

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