O problema de Steven Spielberg ser um diretor excepcional é que ele pode fazer ótimos filmes e eles ainda podem ser subestimados. É o caso de Munique, que lançou há quase duas décadas e poucos mencionam como um dos melhores da filmografia do cineasta.
Este é um incrível thriller baseado em fatos reais, com um elenco que inclui pessoas como Eric Bana, Daniel Craig e Ciarán Hinds. Em 5 de setembro de 1972, um grupo de palestinos atacou atletas israelenses na vila olímpica de Munique, matando dois deles e fazendo nove reféns. O filme se passa nos meses posteriores ao massacre, quando o comando do Mossad ordena que seu principal agente secreto, Avner, localize e mate os responsáveis pelo atentado.
A missão o obriga a mudar de identidade, deixando para trás a vida que levava com Daphna, sua esposa grávida. Ele é acompanhado na missão pela equipe formada por Steve, um judeu de origem sul-africana; Carl, cujo trabalho é apagar todos os vestígios da cena do crime; Hans, falsificador alemão; e Robert, fabricante de brinquedos e especialista em explosivos.
O atual conflito histórico nos Jogos Olímpicos deu a volta ao mundo, e sem dúvida marcou Spielberg que décadas depois lançaria este icônico longa-metragem. Investigando profundamente a questão do terrorismo, mas também as práticas clandestinas do Mossad, ele tenta explorar dilemas éticos dentro de um filme americano.
MUNIQUE: ENTRE AÇÃO DE ESPIONAGEM E DRAMA POLÍTICO
Spielberg não só recorre à sua grande capacidade de captar com a câmera, como combina maravilhosamente tons como cinema de ação e drama adulto. Ele também se baseia fortemente nos thrillers de espionagem dos anos 1970, carregados de política e filmagens sofisticadas. O resultado não cabe inteiramente no cinema de grande sucesso ou de prestígio, mas sim numa zona intermédia muito especial, nada indefinida.
Por isso, sua importância deve ser reconhecida dentro de sua filmografia, bem como nesse grande período de inspiração que teve no início deste século. No começo dos anos 2000, ele produziu filmes variados e extraordinários, com Munique servindo como o toque final único.