Todo mundo se lembra da primeira vez que viu Jurassic Park, seja na tela do cinema, seja em casa. Tal é o poder do blockbuster dirigido por Steven Spielberg, que, desde 1993, faz o público acreditar que os dinossauros realmente voltaram a existir na Terra. Mas é tudo pura magia cinematográfica de um mestre que estava determinado a tornar cada cena inesquecível.
De fato, momentos icônicos não faltam no longa estrelado por Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Um que não sairá tão cedo de nossas memórias é a chegada do Tiranossauro Rex, que ameaça os protagonistas em seu veículo durante a chuva. Uma sequência de terror perfeitamente antecipada por um detalhe pequeno, porém significativo. O que talvez muitos não saibam é como Spielberg teve a ideia.
Alguns segundos antes de a feroz criatura ser revelada, podemos senti-la como os personagens. Rugidos e grunhidos alertam para o perigo iminente. Aí vem o auge do arrepio: quando a câmera de Spielberg foca em um copo d'água e o líquido dentro dele treme com a força dos passos do animal. Confira a seguir:
Se você pensar bem, é tão simples. Ao mesmo tempo, é extremamente eficaz. Veja bem, Spielberg não pensou nisso até que estava em uma viagem e ouviu uma música. Mais especificamente, “September”, hit de 1978 lançado pelo grupo americano Earth, Wind & Fire. Não foi a batida animada nem a letra romântica que despertaram a criatividade do diretor, e sim o impacto que tiveram em seu carro.
Michael Lantieri, supervisor de efeitos especiais encarregado dos dinossauros, de repente recebeu uma ligação de Spielberg, que parecia ter gritado “eureka” antes de discar o número do colega. “Eu estava no trabalho, e Steven ligou para o escritório dizendo: ‘Estou no carro. Earth, Wind & Fire está tocando, e meu espelho está tremendo! Isso é o que temos que fazer!’”
Jurassic Park: Atriz reprova romance entre protagonistas no primeiro filme por problema que passou batido nos anos 90Spielberg estava dirigindo com as janelas abertas e o rádio no volume máximo. Foi assim que percebeu que os retrovisores “dançavam” ao som do groove. Foi fácil fazer o mesmo com um espelho no filme, como explica Lantieri em um comentário disponível na versão Blu-Ray de Jurassic Park. No entanto, fazer com o copo d'água foi um pouco mais complexo. A solução foi, mais uma vez, musical: Spielberg verificou que o líquido respondia exatamente como queria quando em contato com uma corda de violão.
“Para replicar o efeito na cena, passamos uma corda pelo carro e pelo chão. Depois, um funcionário que ficava deitado embaixo do veículo tocava a corda”, lembrou Lantieri, desvendando assim o mistério de uma das passagens mais emblemáticas da sétima arte. Um espetáculo que mostra que Spielberg é único em seu cuidado com detalhes e que, por isso mesmo, está entre os melhores da história.