O Bebê de Rosemary é amplamente considerado um dos maiores filmes de terror já feitos. Lançado em 1968, em um período de fortes valores conservadores e religiosos, o filme rompeu barreiras ao explorar temas como satanismo, paranoia e a subversão da maternidade. Roman Polanski, adaptando o romance de Ira Levin, trouxe à tela uma história que confronta diretamente as convenções da época, discutindo o medo do desconhecido e a perda de controle sobre o próprio corpo, especialmente para as mulheres.
A produção também é cercada por uma atmosfera sombria. O edifício Dakota, em Nova York, onde parte do filme foi filmada, já tinha sua própria reputação misteriosa e mais tarde seria o local do assassinato de John Lennon. Além disso, o brutal assassinato de Sharon Tate, esposa de Polanski (grávida de oito meses) em 1969 pela seita de Charles Manson, gerou um impacto que intensificou a sensação de que uma espécie de maldição envolvia o filme. A conexão entre ficção e realidade tornou O Bebê de Rosemary ainda mais perturbador e emblemático.
Na construção narrativa, o filme se destaca por seu terror psicológico, em vez de sustos fáceis ou cenas explícitas. Polanski mantém o espectador em constante tensão, explorando a deterioração mental de Rosemary à medida que ela se torna cada vez mais isolada e paranoica, convencida de que há uma conspiração em torno de sua gravidez. A interpretação de Mia Farrow é essencial para a eficácia do filme. Sua vulnerabilidade e transformação são centrais para a trama, e o público é levado a questionar constantemente a realidade dos eventos.
A ambiguidade é um dos principais pontos fortes do filme. Polanski nunca entrega uma resposta definitiva, deixando em aberto se tudo o que acontece é fruto da imaginação de Rosemary ou se, de fato, ela está envolvida em uma conspiração satânica. Essa incerteza amplifica a tensão e faz com que o público se sinta tão impotente quanto a protagonista. O uso sutil de som e imagens,
incluindo a icônica cena final do berço
, onde o terror é mais sugerido do que mostrado, é um exemplo perfeito de como o filme manipula a percepção do espectador.
Até hoje, o filme provoca debates e continua sendo relevante por tocar em temas que ainda ressoam. É um clássico que vai além dos sustos, oferecendo uma experiência psicológica intensa e perturbadora, que desafia o público a questionar a realidade e os limites do horror. O impacto cultural e cinematográfico do filme segue vivo, fazendo dele um marco do cinema e uma obra indispensável para quem aprecia o gênero.