...Um ano bom me lembra um filme Ridley Scott, em que um cara muda a vida dele toda em alguns meses no ano da morte do seu tio. Parece um filme comum desses de sessão da tarde, mas realmente cada vez mais amo um bom diretor, porque neste filme a sensibilidade do diretor fez toda a diferença. Uma boa direçao torna uma historia banal em uma jornada de beleza sem igual. Ainda no filme, os toques de delicadeza merecem ser comentados.
A historia banal seria: um homem poderoso e ambicioso da bolsa de NY muda sua vida porque ao visitar a vinícola do tio (que acabara de morrer e deixar sua vinícola para o único parente vivo, ele), apaixona-se por uma bela mulher e por isso resolve mudar de vida, casar com ela e ficar por lá.
A boa historia foi: um homem cuja infância foi marcada pelo convívio com o tio em uma vinícola, ao crescer torna-se o oposto de todas os valores que aprendeu na infância, um ganancioso diretor da bolsa de valores em NY. Com a morte do tio, seu único parente vivo, vai a vinícola com a intenção de vendê-la o mais rápido possível. Mas é capturado por ela e retoma sua vida. Certamente não foi um ano fácil, porque a mudança de paradigma exige rupturas e elas sempre causam angustia. Mas certamente foi um ano bom.
Se analisarmos a mensagem sob um ponto de vista psicológico, logo identificaremos a mensagem: o protagonista não somente entrou em contato com oposto de valores que aprendeu na infância, como o incorporou. Identificado com esta imagem, ela passou a dominar a sua vida. Ele não tinha amigos, apenas funcionários. Companheira, apenas acompanhantes. O caso era tão grave que apesar de reconhecer que gostava muito do tio, este sentimento era blindado para acesso, e consequentemente, a dor de te-lo perdido. Na verdade já o havia abandonado muito antes dele partir. Então veio a necessidade de viajar para ir a vinícola. Ele foi obrigado a fazê-lo. Algo como um remédio amargo que precisa ser tomado, não tem jeito. Este remédio amargo (ou esta doença abençoada) foi o ponto de partida para o seu retorno. Retorno ao lar. Retorno a si mesmo. ( se fosse um filme de Spilberg ele diria : ET fone home...)