Originalmente orçado em 70 milhões de dólares, o terceiro longa-metragem de Darren Aronofsky seria sua primeira superprodução, mas o projeto com o nome “The Last Man” com Brad Pitt como protagonista e estrelado por Cate Blanchett e Ellen Burstyn, sofreu várias mudanças desde 2002 até seu lançamento no Festival de Veneza em setembro de 2006.
A principal delas foi a saída de Brad Pitt, praticamente sem explicações, resultando também na saída de Blanchett e no cancelamento do projeto, que só não foi engavetado de vez, devido a obsessão e genialidade de Aronofsky que conseguiu dar uma enxugada no orçamento, que ficou em torno de 35 milhões e levar o projeto adiante.
O roteiro de Aronofsky & Ari Handel é extremamente original, genial e complexo, com três histórias paralelas abrangendo mais de 1000 anos, ficção e romance se fundem com perfeição na busca pela imortalidade em meio à fragilidade de nossa existência.
No lugar de Pitt, entrou Hugh Jackman (Tomas/Tommy/Tom Creo) com o desafio de interpretar três personagens, o que fez de forma extraordinária, diferente e emocionante, com uma carga dramática nunca antes vista em sua carreira. Rachel Weisz (Rainha Isabel /Izzi Creo), em grandiosa atuação, fez um belo trabalho substituindo Blanchett.
No elenco desde o princípio, a grande Ellen Burstyn (Dr. Lillian Guzetti) foi fiel e não abandonou o projeto apesar dos atrasos e problemas. Trabalhando pela segunda vez com Aronofsky, está perfeita como em todos papéis de sua carreira.
Uma das qualidades mais evidentes no longa são os belos e inventivos efeitos visuais dos técnicos: Jeremy Dawson, Dan Schrecker, Mark G. Soper & Peter Parks, que apesar do orçamento apertado fizeram um trabalho excepcional e muito criativo.
A Direção de Arte foi tão importante quanto complexa, originalmente seriam gigantescos cenários, como as pirâmides maias, que chegaram a construir na Austrália, mas mesmo com orçamento inferior e filmagens no Canadá, os diretores de arte conseguiram fazer um excelente e belo trabalho, com cenários contemporâneos, antigos e futurísticos.
Novamente em parceria com Aronofsky, com visual deslumbrante e perfeito, o diretor de fotografia Matthew Libatique fez mais um excelente trabalho.
A música de Clint Mansell foi amplamente elogiada, merecendo todos os elogios e indicações a prêmios como, por exemplo, ao Globo de Ouro de Trilha Sonora.
Outro destaque do longa foram os figurinos de Renée April, que são tão singulares quanto belos, retratando diversas épocas e estilos.
O filme foi indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, um feito merecido e importante para um projeto que por pouco não aconteceu.
Não foi um sucesso de bilheteria, mas merecidamente tornou-se cultuado ao longo desses anos.