A cinematografia de Clint Eastwood, tanto como ator quanto como diretor, é tão vasta que é sempre possível achar algum filme que por alguma razão passou despercebido.
No meu caso achei esse "Alcatraz: fuga impossível", de 1979, com direção de Don Siegel, baseado em fatos reais.
Nas primeiras cenas vemos um barco atravessando o oceano e em seguida um camburão levando um homem para a penitenciária de Alcatraz, a lendária prisão na ilha ao largo de San Francisco, sujeito que inspirou muitos filmes e que é presente no imaginário coletivo quando se fala em detenção.
Frank Morris (Clint Eastwood) já fugiu de várias prisões, mas ao chegar em Alcatraz percebe que a tarefa não será fácil. Na prisão de segurança máxima, nas palavras do diretor, "os detentos não são treinados para tornar-se cidadãos modelos e sim, prisioneiros modelos".
Na primeira parte do filme conhecemos os personagens e ficamos familiarizados com o contexto. Restrições, punições, um diretor cínico, injustiças morais, detentos perigosos, poucas pessoas em quem confiar, nenhum prêmio por boa conduta e o trabalho é um privilégio que tem que ser conquistado.
Alguns clichés como o prepotente que logo quer intimidar e agredir o recém chegado Morris, que prova ser "durão", fazem parte e não chegam a incomodar.
Nessa situação dramática é claro que o espectador só pode simpatizar com os personagens e concluir que a evasão não só é o único caminho possível, mas também a escolha mais justa.
Os planos, os preparativos e a fuga tomam conta da segunda parte do roteiro.
O filme, um dos melhores "prison movies" de todos os tempos, não aposta na espetacularização da fuga, mas no aspecto emocional dela. A direção e o roteiro fornecem com parsimônia as informações e os elementos narrativos, mas sempre tendo cuidado para que a tensão fique alta.
Clint Eastwood faz o papel que já conhecemos: calado, sangue frio e calculador.
Filme absolutamente imperdível!