"Entrevista com o Demônio" chega aos cinemas carregando a expectativa de ser mais um sucesso no gênero Found Footage, famoso por simular gravações reais. Com um baixíssimo orçamento e um formato pouco explorado recentemente, o filme inova ao ambientar sua narrativa em um talk-show televisivo, oferecendo uma nova perspectiva dentro do terror sobrenatural. A escolha desse formato, somada à presença de David Dastmalchian no papel principal, ajudou a transformar a produção em um sucesso inesperado, tanto em bilheteria quanto no boca a boca.
Apesar de ser promovido como uma experiência aterrorizante, o filme entrega um suspense moderado e cenas de terror bem dosadas, sem jamais chegar ao ponto de causar pesadelos ou abalar emocionalmente o público. O marketing talvez tenha exagerado ao definir o filme como algo mais assustador do que realmente é, mas a atmosfera sobrenatural consegue se manter envolvente. A narrativa é o grande trunfo aqui. Os irmãos Cairnes souberam conduzir a história de maneira dinâmica e compacta, sem perder o ritmo ao longo de sua curta duração de pouco mais de uma hora e meia. O roteiro foca no presente, sem desperdiçar tempo com flashbacks desnecessários, o que garante uma progressão rápida e eficaz.
A montagem é outro ponto de destaque. Por simular uma gravação contínua, sem cortes de tempo, o filme se beneficia de uma tensão crescente, já que o espectador sente estar assistindo algo ininterrupto e espontâneo. Mesmo com os efeitos especiais limitados pelo orçamento, que em alguns momentos são um pouco decepcionantes, a experiência geral é satisfatória, e o impacto visual do filme é preservado.
Em resumo, "Entrevista com o Demônio" pode não ser o filme mais assustador do ano, mas certamente entrega uma história bem amarrada, com uma narrativa cativante e uma atmosfera intrigante. Com um elenco eficiente e uma execução técnica sólida, é mais um exemplo de como o terror, mesmo com poucos recursos, pode render boas histórias e agradar o público.