O filme nos leva a uma jornada intensa e perturbadora da jovem Pearl, que sonha em se tornar uma estrela de cinema. Ao longo da narrativa, somos gradualmente apresentados ao comportamento complexo da protagonista, que revela-se agressiva, vingativa e perdida em meio a seus delírios, desejos e revoltas. Ambientada em uma pacata fazenda no interior dos Estados Unidos na década de 1920, a história é marcada pela dinâmica familiar conturbada de Pearl: sua mãe, uma figura conservadora e dominadora, e seu pai, que precisa de cuidados especiais devido a uma deficiência.
A direção de Ti West é habilidosa, oferecendo uma narrativa fluida que, embora possa ser considerada longa para um filme de terror "trash", evita momentos arrastados e falhas na trama. O roteiro bem estruturado nos imerge no mundo de Pearl, permitindo uma compreensão profunda de suas motivações, sem que, no entanto, sejamos levados a torcer por ela. Essa ambiguidade moral enriquece a experiência, pois somos desafiados a refletir sobre os limites entre a ambição e a obsessão.
Mia Goth brilha intensamente em sua interpretação multifacetada da Pearl. Seu desempenho culmina em um monólogo final que é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme, demonstrando sua habilidade de transmitir a complexidade emocional da personagem. Goth está solidificando seu lugar no gênero de terror, trazendo uma intensidade que cativa e intriga o público.
O filme, equilibrando momentos de diversão e tensão, é uma experiência que funciona, embora não inove em quase nada, mas que merece ser conferida. A combinação de uma narrativa cativante, protagonista bem desenvolvida e a habilidade de Goth em dar vida a Pearl faz deste um longa que provoca reflexões sobre os sonhos e os custos que muitas vezes.