O filme "A.I. - Inteligência Artificial", dirigido e escrito por Steven Spielberg, nos conta a jornada de David (Haley Joel Osment), um robô que foi desenvolvido especialmente para preencher o vazio de famílias que perderam seus filhos ou que, devido à conjuntura ambiental do Planeta Terra, estiveram impossibilitados de gerar uma vida. É assim, como este propósito, que ele entra na rotina da família composta pelo casal Monica (Frances O'Connor, numa maravilhosa atuação) e Henry Swinton (Sam Robards) - cujo único filho Martin (Jake Thomas) encontra-se internado num hospital, numa unidade de criogenia.
Neste momento, é importante fazer um adendo na nossa resenha crítica para podermos falar a respeito da conjuntura na qual se passa o filme: em decorrência do efeito estufa e do derretimento das calotas polares da Terra, boa parte das cidades litorâneas se tornou submersa. Em consequência disso, a humanidade passou a contar com a ajuda de robôs, dotados de inteligência artificial. Assim, foram criados robôs-babás, robôs-amantes, dentre outros, e, por fim, o robô-criança.
A discussão central de "A.I. - Inteligência Artificial" engloba, principalmente, a habilidade destes robôs em desenvolverem emoções humanas e de demonstrar estes sentimentos, por meio dos laços afetivos e dos relacionamentos construídos. Neste sentido, o roteiro faz um paralelo com a história de Pinóquio, o boneco de madeira que sonhava em ser um menino de verdade. Emulando esta figura, a busca de David é por ser uma criança de verdade - assim, ele acredita que será aceito e amado de verdade por Monica (a figura a quem ele devota todo amor e carinho).
Existe uma curiosidade por trás de "A.I. - Inteligência Artificial": por duas décadas, o diretor Stanley Kubrick trabalhou no projeto, até perceber que ele se encaixava mais no estilo de Steven Spielberg. Kubrick e Spielberg colaboraram por anos ainda, até que Spielberg conseguiu filmar a história - da forma como ambos a visionaram, é importante mencionar A decisão de Kubrick em passar o projeto para o amigo foi a correta. Spielberg tem a sensibilidade e o olhar que esta trama precisava. "A.I. - Inteligência Artificial" é um filme comovente e, arrisco dizer, uma das obras mais subestimadas dos últimos tempos.