Onde se tem (muito) dinheiro, tenha uma certeza: você irá encontrar ambição, intriga, traição, cobiça… Todos esses elementos fazem parte da história que iremos acompanhar em “Casa Gucci”, filme dirigido por Ridley Scott, e baseado no livro homônimo que conta a trajetória do clã familiar criador da casa de moda de luxo italiana.
Assistindo a “Casa Gucci”, percebemos o quanto a evolução da grife Gucci está entrelaçada com as tramas familiares. Ao passo em que se torna uma marca mundialmente conhecida, as intrigas familiares crescem proporcionalmente, sempre envolvendo uma disputa pelo poder e pelo controle dos milhões de dólares provenientes da empresa.
Interessante perceber também como o roteiro escrito por Becky Johnston e Roberto Bontivegna faz o enlace entre família e negócios, tendo como marco temporal principal o casamento entre Maurizio Gucci (Adam Driver) e Patrizia Reggiani (Lady Gaga, numa ótima performance). A ascensão de Patrizia como uma Gucci, pelo casamento, e a sua visão predatória e particular sobre a maneira como ela acreditava que o marido deveria se portar diante da família e, por consequência, do negócio, são um símbolo perfeito para ilustrar as consequências danosas da ganância, principalmente quando ela se manifesta em relações construídas tendo como base a desconfiança.
Quando da sua estreia, “Casa Gucci” dividiu a crítica especializada, que viu o filme como uma grande alegoria - principalmente por causa das interpretações e dos sotaques exagerados. Particularmente, eu vejo estes pontos como favoráveis dentro do propósito do longa. Se Ridley Scott cometeu algum erro aqui foi no desenvolvimento da sua história, principalmente no ato final, que se conclui apressadamente.