FÚRIA INCONTROLÁVEL ( 2021 )
CRÍTICA
O conceito de um filme diz respeito a como, aparentemente, ele foi pensado para chegar ao público. Fúria Incontrolável é bem claro nesse ponto. Sem arrodeios ou firulas estéticas, a direção de Derrick Borte (de Caminhos de Sangue — filme de 2018) é muito direta, sugerindo que todos os horrores de um dia agitado (eufemismo) podem acontecer em qualquer lugar.
Claro que Borte está falando do seu próprio país e, ainda, não se apega somente às ações em si, mas na ira que instiga os atos. Nesse sentido, por mais que o thriller se passe em uma região menos insegura da Louisiana, durante uma hora e meia o que vemos são placas de um estado sem nome, indicando, somente, America’s Heartland (Coração da América em tradução livre).
O perigo da humanidade
O diretor não parece adepto de sutilezas. Aliás, ele monta seu conceito fugindo delas. Desde a abertura, com os créditos iniciais sendo acompanhados pela degradação do sistema social — com engarrafamentos, acidentes, violência urbana, tumultos aliados a todo tipo de desgraça comentadas por uma estação de rádio —, Borte menospreza os pormenores. O foco é o macro. A fúria incontrolável, no caso, talvez seja uma raiva pessoal — o que é válido, mas pode não ser o suficiente.
Então, fundamentando as bases do caos que acompanha a vida da personagem de Russell Crowe, existe todo esse aparato de comentário social. Se isso pode trazer alguma força de identificação para o espectador, ao mesmo tempo pode parecer um tanto quanto exagerado, como se Burte estivesse explorando o mal-estar por meio de choques mais baratos do que necessários. Aliás, essa abordagem pode ser problemática ao exponenciar medos de maneira imprudente, com força o suficiente para validar desconfianças quando, talvez, precisemos exercitar o contrário, assim como a empatia.
NOTA 10