"Amor com Data Marcada" não é uma comédia que vai fazer você dar risada a todo instante, mas é um filme legal para passar o tempo. Para quem está querendo relaxar, sugiro que assista. Apesar de ter poucos momentos em que eu ri com as piadas, achei interessante o roteiro do filme. Não é um super roteiro, mas a premissa é condizente com aquilo que o filme busca atingir, que é o passatempo. Mesmo sendo um filme para descontrair, me fez ter algumas reflexões sobre relacionamentos interpessoais. A primeira reflexão que tive é como a família ou pessoas próximas podem ser inconvenientes e não respeitar nosso espaço de dor. Sloane é a prova viva de estar em um ambiente onde as pessoas simplesmente não a respeita e como ela não consegue colocar limite nisso tudo. Outra reflexão importante que tive sobre o filme é como devemos estar atentos para que o nosso passado não nos faça parar para sempre. No começo do filme, é possível perceber a armadura que Sloane criou em torno de si em termos de relacionamento, porque se machucou muito no relacionamento passado. Ela já não se cuidava mais e claramente tinha sintomas depressivos. A terceira reflexão que me veio é sobre como podemos encontrar coisas boas na nossa vida em lugares menos improváveis. Sloane estava claramente depressiva e estagnada na vida, apesar de sua autoafirmação constante de que não queria ninguém. Mas, mesmo assim, ela se propôs a sair com Jackson e tentar a experiência nova de sair com alguém novo em lugares novos. Mesmo que ela não tivesse consciência dessa movimentação que estava fazendo em meio há 1 ano de estagnação, ela ainda assim o fez e acredito que o fez devido àquela força de continuar que acompanha os seres humanos. Aqueles movimentos mínimos que fazemos quando estamos em meio ao caos e que no futuro se provaram muito importantes para uma mudança efetiva.
Sobre a proposta do "ferigato/ferigata": nesse filme percebi o quanto o ser humano é bobo e como precisa criar uma muralha de autopreservação para não cair direto no amor e se machucar. Na maioria das vezes, as duas pessoas estão gostando muito da outra, mas precisam se machucar para se protegerem de alguma forma, porque ao longo da história da humanidade, a demonstração de afeto e carinho se tornou algo vergonhoso e para fracos no início de relacionamentos. Por quê? Cabe a reflexão. Por que temos repulsa a receber e dar carinho?
Por fim, coisa que pensei sobre a interação entre Jackson e Sloane é que o amor pode surgir quando menos esperamos. Às vezes, ficamos atrás do amor constantemente a fim de preencher um requisito imposto pela sociedade, porque espera-se que você tenha alguém sempre. O interessante aqui é que tanto Jackson quanto Sloane vão para esse relacionamento interpessoal sem expectativas um com o outro e acabam se permitindo. Permitindo conhecer um ao outro sem terem criado uma grande expectativa prévia sobre o outro, o que faz com que o amor floresça ali.
Se nesse filme temos Sloane que criou uma muralha em torno de si mesma, temos a tia dela que se relaciona com todo mundo e não se apega a ninguém. Isso não seria um problema nenhuma se ela de fato quisesse pegar apenas por pegar, o que a tia insiste em dizer o tempo todo durante o filme. Mas, no final ela revela que quer alguém e que já tinha se apaixonado, mas não tinha se permitido viver esse amor por causa das barreiras. Novamente volta aquele questionamento sobre como somos tão bobos a ponto de, como humanidade, termos sérios problemas de nos entregarmos. Com isso, acabamos machucando pessoas a nossa volta e nos machucando também com essa necessidade patológica de quanto menos afeto, melhor. Apenas faz a gente perder um tempo enorme nos desgastando.
Enfim, foram reflexões legais de se ter e de se levar para terapia. É um filme legal. Não é uma obra prima, mas quem espera que seja?