Paul Thomas Anderson é um daqueles realizadores autorais do cinema recente americano que aparenta ser praticamente incapaz de fazer um filme ruim, assim como seus contemporâneos Wes Anderson, Quentin Tarantino, e Spike Jonze. Mesmo em seu trabalho mais pessoal, insípido, e contemplativo, o diretor/roteirista norte-americano não deixa de transparecer seu talento vivaz e intoxicante. Trama Fantasma é a legitima marca de um grande artista na pessoa de Thomas Anderson, bem como a consumação definitiva de Daniel Day-Lewis(em seu suposto último trabalho) dentre os grandes da atuação. Sendo o trabalho mais íntimo do diretor, porém, este também é inevitavelmente seu mais indulgente. Felizmente ao assumir sua vaidade artística logo de início, os efeitos deletérios do ''nariz empinado'' de sua obra são suavizados em sua maioria, sem diminuir o impacto final do longa, que é bem sólido, principalmente quando se sustenta nas atuações do trio principal, e aqui também vale destaque para Leslie Manville. Surpreendentemente engraçado e com leves e astutas reviravoltas, Phantom Thread pode não ser o filme mais interessante e envolvente de Anderson no tocante ao enredo ou personagens, mas ainda sim é mais um showcase de seu descomunal talento por trás das câmeras, em mais um brilhante trabalho de direção. Talvez o filme recente no cinema americano que melhor retrate o potencial destrutivo dos relacionamentos amorosos, principalmente quando estes se tornam nada mais que uma conveniência para ambas as partes. Novamente, pode não ser um dos filmes mais marcantes de Anderson, o ritmo é lento, a trama central pode distanciar muita gente, e os personagens não são exatamente marcantes, mas só pelos valores de produção e a atuação de Daniel Day-Lewis, este longa já se torna um programa imperdível para qualquer cinéfilo à procura de um entretenimento maduro e bem feito. NOTA : 7.5 / 10