As Panteras (Charlie's Angels)
"As Panteras" é escrito, produzido, dirigido e atuado por Elizabeth Banks, usando como base a história desenvolvida pelos roteiristas Evan Spiliotopoulos (A Bela e a Fera de 2017) e David Auburn (diretor de A Garota do Parque de 2007). É estrelado por Kristen Stewart, Naomi Scott e Ella Balinska como a nova geração das Charlie's Angels, que estão trabalhando para uma agência de detetives particulares chamada Townsend Agency. O longa é a terceira parte da série de filmes "As Panteras" e serve como uma continuação da história que começou com a série homônima de televisão de mesmo nome de Ivan Goff e Ben Roberts, em 1976, e os dois filmes anteriores do McG, "As Panteras" (2000) e "As Panteras Detonando" (2003).
"As Panteras" foi visto por todo mundo como uma verdadeira representatividade feminina em sua época, tanto pela série de Tv lá nos anos 70 quanto pelos dois filmes lançados nos anos 2000. De fato a série ganhou uma notoriedade e alcançou o seu devido sucesso em sua época, e consequentemente os dois filmes do McG também representaram este 'Girl Power' nos cinemas com o trio icônico e infalível de Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore (que também esteve presente na produção desse novo filme).
Todos nós sabemos que os dois filmes anteriores de "As Panteras" são um verdadeiro clássico do entretenimento dos cinemas dos anos 2000. Dito isto, a primeira pergunta que me vem na mente é a seguinte: qual a necessidade desse novo filme? Claramente esta nova versão de "As Panteras" é um filme completamente dispensável e totalmente desnecessário, mas como hoje em dia está na moda reviver franquias do passado pra compor uma continuação, ou um remake/reboot, cuja sua finalidade é unicamente lucrar. Mas de fato nem essa finalidade foi alcançada por esta nova versão, visto que o filme teve um fraco desempenho de bilheteria no fim de semana de abertura e foi classificado pelo USA Today e pela Variety como uma das maiores decepções de bilheteria de 2019.
O terceiro trabalho na direção de Elizabeth Banks (anteriormente ela havia dirigido Para Maiores de 2013, e A Escolha Perfeita 2 de 2015) é até esforçado, pois ela trouxe bastante ação, cenas de lutas (destaque para a cena de abertura do filme, que é boa), várias tiradas cômicas, o 'Girl Power' super aflorado, de fato são todos os elementos que constrói o universo de um filme das Charlie's Angels e principalmente de um bom blockbuster. Porém tudo é muito raso, muito vazio, mal feito mesmo, cujo roteiro é bem preguiçoso e se alonga demais, claramente sem a menor necessidade, pois suas 2h é bem desnecessária, serviu apenas para esticar cada vez mais uma história pífia e deixar um roteiro embarrigado e cansativo. O roteiro é tão meia boca que o filme poderia facilmente ter apenas 1h30min, já estaria de bom tamanho.
"As Panteras" sempre representaram o empoderamento feminino nos cinemas, mas aqui forçaram a barra demais. Acho que pelo fato da franquia sempre ter sido protagonizada por mulheres mas nunca dirigida, esse 'Girl Power' contou muito com a entrada da Elizabeth Banks na direção, deixando bem claro o quanto o longa está imergido no feminismo que tomou conta de Hollywood nos últimos anos. Não vejo nenhum problema em um filme demonstrar o empoderamento feminino (acho muito válido), mas desde que não seja confundido com misandria, e de fato não sei se aqui é o caso, mas quiseram exaltar tanto o 'Girl Power' que ridicularizaram os personagens masculinos em simples coadjuvantes totalmente babacas e marionetes.
Achei bem desnecessário o que fizeram com o Charlie ao final do filme, e principalmente na forma como o roteiro utilizou o personagem John Bosley (Patrick Stewart). Mais uma exaltada no 'Girl Power' sobre o tratamento que deram ao personagem do Patrick Stewart - claramente o transformaram em um babaca para enaltecer o elenco feminino. Esse tipo de demonstração do empoderamento feminino que eu acho desnecessário, você não precisa diminuir e até ridicularizar o núcleo masculino para enaltecer o núcleo feminino.
Em questões de elencos temos as duas melhores do filme: Kristen Stewart (recentemente nos entregou a sua melhor atuação da carreira em Spencer) e Ella Balinska (que estará presente na vindoura série Resident Evil da Netflix).
Kristen se encaixou muito bem na personagem Sabina, realmente me impressionou, pois não conhecia esse seu lado badass, femme fatale, que nos demonstrou muito bem logo em sua primeira cena. Balinska deu uma boa forma para a sua personagem Jane, sendo a mais durona do trio, a mais decidida, que enfrentava qualquer um sem pestanejar, algo parecido com o que foi a Drew Barrymore em seus tempos áureos.
Elizabeth Banks esteve ok em sua personagem Rebekah Bosley, aquele típico não se destaca mas não chega a comprometer. Elizabeth fez tantas funções no filme que no fim nenhuma se destacou, apenas ok em todas elas e nada mais.
Naomi Scott (Perdido em Marte) das três Panteras foi a mais sem graça, sua personagem Elena é completamente perdida em cena e em nenhum momento mostra a que veio, uma apresentação bem fraca.
O elenco masculino composto por Sam Claflin (Jogos Vorazes), Djimon Hounsou (Diamante de Sangue), Noah Centineo (do vindouro Adão Negro) e Patrick Stewart (eterno Professor Charles Xavier) não serviram para absolutamente nada no filme, apenas para compor o elenco masculino mesmo, mas o que mais me doeu foi de fato o Patrick Stewart.
Infelizmente esta nova versão de "As Panteras" entra naquela lista dos filmes que fizeram história em sua época e que jamais deveriam serem trazidos de volta - e essa lista é enorme hein! De fato essa versão da Elizabeth Banks tem problemas de roteiro, de desenvolvimento, de ideia, de elenco, de atuações, de praticamente tudo. Salva-se uma coisa ou outra, como por exemplo a trilha sonora que está bem pop, bem a cara do filme - com um destaque para "Don't Call Me Angel", interpretado por Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey. De resto é só, "As Panteras" 2019 é um filme desnecessário, passável e totalmente esquecível! [25/04/2022]