O nome da rosa
Em meio a tantas já destacadas qualidades do trabalho, me atenho a o que mais me chamou a atenção.
Em primeiro lugar, o título. Só o estudo deste caberia um outro trabalho. O autor do livro que deu origem a película, o italiano Umberto Eco, disse ao comentar sobre seu título que, “...Um título deve confundir as ideias, nunca discipliná-las.” E, realmente, instiga à curiosidade. Como o antagonismo esteve sempre tão presente no desenvolvimento das ciências atuais.
Depois, as vezes custa crer, nas bases sobre as quais foram erguidas a cristandade geral dos nosso dias – e não se difere do modo em que as ditas igrejas cristãs tem feito atualmente, diga-se de passagem. O filme retrata uma espécie de pequeno congresso no qual a ordem Franciscana, mediada pela ordem que administrava o mosteiro onde se realizaria este evento, os beneditinos, travaram um debate acalorado sobre o tema humildade ou riqueza, em suma. Isto fica claríssimo na vestimenta com que se apresentam os enviado de Roma.
Muito bem localizadas, estão as cenas em que o diretor destaca que mesmo em um mosteiro onde escribas passavam suas vidas traduzindo obras para os fins da Igreja, havia, o que também não difere de hoje, sexo, opressão, subjugação, consumo de álcool, exploração das comunidades e todas as características que marcam o ser humano como em qualquer outro lugar na terra.
A simbolização que o autor e diretor deixam estampadas em suas obras parece, aos olhos de hoje, quase uma piada – uma obra de Aristóteles supostamente perdida e guardada na grande e secreta biblioteca do mosteiro que tratava sobre a comédia, o riso, a alegria, ditas estas heresias incompatíveis com a fé cristã, ao ponto de destruí-la (leia-se a Igreja). E pensar que forma mais de mil anos impondo o medo e coletando riquezas.
A santa Inquisição enviava seus inquisidores para julga e executar a sentença, morte queimado numa fogueira para quem praticasse qualquer ato herege como, por exemplo, discordar do inquisidor. O demônio era sempre a desculpa.
De resto, vale a simbólica ação do personagem principal William de Baskerville salvando algumas obras do incêndio que consome a biblioteca e seu guardião cego responsável pelos crimes que são pano de fundo da história.