É meio difícil defender um filme produzido como um chamariz para uma famosa festa de música eletrônica nos Estados Unidos – ainda poderíamos dizer algo se ao menos houvesse alguma coisa bem trabalhada por trás de tudo, mas a história desta produção original Netflix está pouco disposta a tentar inovar ou realmente mostrar o que é a vida de um DJ em ascensão ou a de outras pessoas que seguem o estilo de vida de quem aprecia o mundo da música eletrônica. Lamentavelmente, este longa é tão artificial quanto o Música, Amigos e Festas estrelado pelo pseudo-ator Zac Efron.
Co-produzido pelo famoso DJ Pete Tong, o filme acompanha a história do DJ e produtor Ethan (Phillips), que consegue, de última hora, uma vaga para tocar no festival de música Xoxo, evento que lhe daria muita visibilidade. Em meio a correria para ele chegar a tempo de se apresentar, o filme acompanha o drama de outras pessoas que estão a caminho do festival também, como o amigo de Ethan, Tariq (Delbuono), a sonhadora Krystal (Hyland), que marcou um encontro no festival, um casal em crise (Kyoko e Woodell) e um DJ aposentado (D’Elia) – além de sermos apresentados ao arrogante e oportunista Avilo (Hansen), um DJ e produtor famoso.
O filme pouco consegue demonstrar como é realmente difícil se destacar como DJ – o enfoque no Ethan de Graham Phillips é um tanto superficial, embora seja interessante sua relação com seu melhor amigo Tariq – que vive momentos quase abstratos ao ingerir acidentalmente uma droga durante o festival. Os demais personagens pouco importam – o fato de ser previsível que os destinos de Ethan e Krystal se cruzarão no filme ou o casal que fica preso no esgoto tentando invadir a festa, após perderem os ingressos, ser algo completamente sem função para o filme – há algum destaque para o ex-DJ de Chris D’Elia, que parece criticar o comportamento das novas gerações com relação as formas de curtirem as festas hoje em dia – e seu desprezo por Avilo, que representa alguns DJs/produtores pouco dignos desta cena de música que vem sendo sempre vitima de preconceitos – como se os outros estilos musicais não tivessem “problemas”, digamos assim. Fora as soluções do roteiro que mostram que a organização do festival é pior do mundo, por não ter seguranças o suficientes para conter invasores – inclusive, que impeçam um DJ de roubar o espaço de outro em um palco com milhares de pessoas a frente (?!).
Com músicas nos estilos de Trap, Dubstep e Progressive-House com vocais de pop, Xoxo não serve nem como um tipo de drama musical e nem como o veiculo de divulgação da festa do titulo, como é bem frisado na insossa participação de um personagem que se revela o “dono da festa” – enfim, o brasileiro Paraísos Artificiais é bem mais realista e fiel ao retratar esse universo da música.