As composições de cena são de encher os olhos (juntamebte com a fotografia); cores vibrantes, objetos que não estão ali apenas para preencher espaço, mas fazem parte da narrativa propriamente dita. O mesmo pode se dizer dos figurinos e da maquiagem, espetáculos a parte. A trilha sonora é muito boa, só poderia, talvez, ser um pouquinho mais explorada, ampliando as sensações que o filme nos transmite. Vale escutar com atenção a canção final do filme, está intimamente ligada a ele e sua proposta. A direção de Almodóvar, dispensa comentários; nada faz parecer que a estória é artificial, pelo contrário, nós a vivenciamos do início ao fim, ainda que por um momento ou outro (e digo um ou dois), o filme se incline um grau para se tornar cansativo. Os atores, se não estão excelentes, como no caso da protagonista e de Marian (interpretada por Rossy de Palma), estão muito bons. O enredo é envolvente... Fala sobre perda, silêncio, dor, carma, da vida enfim, aliado a um roteiro que acredito ser subjugado por muitos. Se trata de um roteiro cru, são palavras duras e distantes, frias e sofridas mas ao mesmo tempo tocantes. Ora, não é essa uma das, se não a proposta do filme? Não havia aqui espaço para diálogos melodramáticos e exagerados. O roteiro cumpre maravilhosamente bem o seu papel e se enquadra perfeitamente no enredo. O único porém do enredo em si, é que existem alguns acontecimentos que me parecem improváveis de mais para um filme que pretende se aproximar das emoções e dos acontecimentos humanos. É um filme ótimo, para aqueles que estão aptos a entender sua proposta e o seu conjunto.