A história do filme é simples: um assassino de aluguel chamando Duncan planeja se aposentar, entretanto, para não ter que pagar mais de 8 milhões de dólares para o homem de meia idade, o chefe de sua agência planeja eliminar Duncan a todo custo.
A estética do filme em si parece uma história em quadrinhos que foi transportada para a vida real. Em alguns momentos sendo completamente brega, como do esquadrão quase suicida que persegue o protagonista na primeira metade do filme, e em outros momentos sendo bastante contemplativa e badass, como a aparência de Duncan na segunda metade do filme. No geral, sua montagem e fotografia não possuem muito charme, fazendo o básico, nada mais, e nada menos.
Em relação à atuação, tudo me pareceu muito caricato por parte dos antagonistas, e completamente inexpressivo por parte do protagonista e sua companheira. Entretanto, para a construção de um protagonista que já viveu de tudo, é compreensível e até coeso que seu personagem seja inexpressivo, frio, e apático, um estilo de personagem que Mads Mikkelsen parece ter gosto e maestria para interpretar.
Sobre os personagens, é uma infelicidade que todos eles sejam completamente rasos e quase esquecíveis, se não fosse pela estética galhofa. Quase nenhum deles possuem uma história de fundo ou alguma personalidade interessante que realmente movimente a história. É só um bando de assassinos sádicos e sanguinários caçando um assassino muito mais experiente e frio, mas que acaba compondo um pequeno embate interessante entre a juventude explosiva e a experiência racional.
Abordando sobre o ritmo do filme. Para um filme de ação, deixa a desejar, com cenas de combate que é possível contar nos dedos, e um desfecho final deveras decepcionante e anti climático. O filme planeja entregar sequências cativantes no estilo de John Wick e falha miseravelmente, tornando o personagem de Mads Mikkelsen um super soldado irreal que mesmo em um estado pútrido, tem força para derrubar um exército na porradaria franca, tirando completamente a sensação real de perigo, que pra mim, seria essencial para cativar jornada e a humanização do personagem.
Ainda sobre o ritmo, o drama é monótono, não necessariamente isso é ruim, considerando o contexto onde o personagem principal se encontra, de ter que esperar 14 dias para se aposentar, sabendo que estão armando uma emboscada para ele, é natural que se assuma um ritmo mais monótono. Entretanto, o que deixa a desejar novamente é que o drama lento se torna completamente inútil, não agregando em nada para o personagem, apenas enchendo linguiça para ter tempo de tela. Creio que dentro desse contexto, essa monotonia seria imprescindível para Duncan resgatar sua humanidade e enxergar novos horizontes além de toda a matança, e com a introdução de Camille, tudo isso poderia ter saído uma obra prima, mesclando o drama monótono e a caça implacável do esquadrão quase suicida.
Por fim, Polar é um filme que tinha tudo para ser bom, mas é sem graça. A parte que se salva é a atuação de Mads Mikkelsen, que se sai acima da média de todo o resto, assim como a estética brega, que pode desagradar alguns e agradar outros, que pra mim deu um bom charme e leve diferencial no filme. Não é a melhor coisa que você vai ver na vida, mas pode servir pra quebrar o galho em uma noite tediosa de sábado.