O início do filme prenuncia que o autor/diretor quer deliberadamente mexer com a cabeça do espectador. E consegue. Trata-se de um thriller de suspense psicológico de grande qualidade técnica, daquele tipo que te deixa colado no sofá ansioso pelo desenrolar da trama e suas revelações.
Se você não gosta de reviravoltas, prefere algo mais plano e linear, este filme não é pra você: tem mais de uma! Se você é daqueles que só consegue digerir uma trama se as ações dos personagens forem 100% justificáveis e absolutamente críveis, mesmo que a vida real nem seja tanto, este filme não é pra você. Se você não curte o clichê do "culpado" brilhante e seus planos meticulosos e mirabolantemente arquitetados, do tipo em que ele consegue antecipar com sucesso todos os movimentos dos outros envolvidos, aviso: você vai soltar aquele "Ahh, essa não!". E, por fim, se você só gosta de cinema com final "feliz" e bem amarradinho, tipo novela, o livro "Gone Girl" no qual se baseia o filme e o diretor David Fincher não são sua praia. Mas eles podem fazer sua cabeça!
Felizmente, o filme proporciona bem mais do que seu suspense. Ele também fornece reflexões interessantes sobre relações familiares, suas trocas e seus interesses, as dificuldades e mistérios na intimidade do casamento e a banalização da vida de pessoas comuns pela mídia e o julgamento, nem sempre justo e muitas vezes raso e perigoso, das massas.