La Grande Bellezza (A Grande Beleza) é um filme excecional que aprofunda uma abordagem extensiva a nível cultural e artístico. Mostra-nos a exorbitância da riqueza, do bizarro e até da tristeza, que nos faz aprender com o que nos rodeia e a desfrutar a vida que é cheia de prazeres e sacrifícios.
Desta forma, Paolo Sorrentino leva-nos a refletir sobre a vida e as suas exigências através de um grande ator italiano, Toni Servillo que interpreta a personagem Jep Gambardella que tem como palco a belíssima cidade de Roma. Jep parte numa procura individual pela verdadeira beleza e por um significado, após ter vivido grande parte da sua vida em torno de superficialidade e cinismo, do qual ele agora sente-se cansado desse estilo de vida e consumido pelo mesmo. O enredo foca-se nesta personagem, que é um jornalista de sucesso e um escritor, que por sua vez só publicou um romance de grande êxito há cerca de 40 anos atrás, que lhe deu um prémio literário e desde então, tem vivido ao máximo uma vida social recheada de festas, jantares, luxo e mulheres. Porém ao completar 65 anos, Jep começa a questionar o significado da vida, mais concretamente da sua e então sonha voltar a escrever e por isso, tenta procurar algum tipo de inspiração.
Ao longo deste filme que acho que é uma obra de arte, mergulhamos durante duas horas e vinte minutos na vida de Jep, e ao acompanharmos os passos do protagonista, aos poucos, percebemos que ele não é um homem fútil da alta sociedade, que tem apenas interesse em festas luxuosas mas sim, um indivíduo que desfrutou ao máximo a sua juventude graças à única obra bastante elogiada que escreveu, mas não conseguiu ir para além disso. Lamenta o facto de não ter tido filhos ou ter-se mantido com uma mulher durante tempo suficiente para fazê-lo.
Tem uma reputação de escritor frustrado embora esconda esse desencanto por detrás de um humor cínico porém agradável, que lhe permite ver o mundo com uma consciência “amarga”.
E por isso, ao longo do filme, Jep pergunta se as falhas são dele ou por parte da sociedade italiana em geral.
Esta tragicomédia é muito mais do que um retrato da vida de um intelectual, e é um filme que é necessário ver mais do que uma vez, pois Sorrentino sobrecarrega a audiência com muitas informações pensadas com todo o cuidado e atenção e é muito fácil perder o foco e difícil de chegar à conclusão que cada cena elabora o último dilema/conclusão dita pela personagem principal.
O filme destaca-se pelo roteiro e pela personagem cativante criada por Sorrentino e Umberto Contarello, mas também pela beleza visual da cinematografia de Luca Bigazzi. Fiquei extasiada pela “grandeza” das imagens desta produção pois são realmente únicas e mágicas. Desde o contraste das cores, entre o claro e o escuro, às sombras e até ao enaltecimento da beleza dos recantos da cidade de Roma, todos esses elementos tornam este filme imperdível. Para não falar da magnífica interpretação de Toni Servillo, que logo de início criei uma simpatia pela personagem e pelo ator e é de facto excelente a forma como este exprime as emoções da personagem, de felicidade à tristeza, de nostalgia ao arrependimento de uma forma tão sublime.
A banda sonora, por sua vez, também não fica atrás. Achei brilhante a mistura de músicas pop e ópera, nunca deixando de ser uma combinação intensa e poderosa que nos leva inconscientemente a conhecer o ambiente noturno e a sua excentricidade, mas igualmente leva-nos a uma espiritualidade e reflexão sobre a efemeridade da vida.
La Grande Bellezza é mais um exemplo de como o cinema pode ser tão agradável e fazer-nos esquecer de tudo o que se passa ao nosso redor, e aconselho plenamente a assistirem a este filme pois é de tirar o fôlego.
Teresa Cunha