Acabei de assistir ao filme no Amazon e como de costume, vamos à critica.
O filme entrega cenas excelentes, que prendem e transportam o telespectador apesar de um baixo orçamento. Não há muitos efeitos especiais aqui e é notório o que está acontecendo no filme, o dito mistério não tem nada de misterioso.
Porém, o final do filme deixa MUITO a desejar, e eu digo isso tendo predileção por filmes de terror/suspense que não tenham exatamente um final feliz.
Somos o que Somos entrega um filme de suspense interessante, mas peca pelo bizarro/grotesco apresentado no final.
Trata-se de uma família que desde seus antepassados pratica o
canibalismo devido a extrema escassez de recursos. Porém o filme erra grotescamente ao introduzir, no presente, o conceito de veganismo através de uma vizinha, desconectando o publico de uma real necessidade em se fazer aquele ato por uma questão de sobrevivência. Alto totalmente diferente de seus antepassados que passaram a comer membros da própria família numa tentava de sobreviver a um inverno rigoroso, onde havia real escassez de comida (mostrado via flashback).
Outro erro foi o não aproveitamento da questão da fé, que foi amplamente abordado no decorrer do filme. Afinal, no próprio livro deixado pelos antepassados da família, o ato de canibalismo era mais uma questão de sobrevivência que fé, sendo a fé apenas uma forma de aliviar a consciência pesada pela pratica abominável. Não foi também explorado a questão da doença em si, uma vez que UM médico foi o único habitante da pacata cidade que descobriu restos mortais humanos, conduziu uma investigação praticamente sozinho e, ao invés de buscar ajuda, procurou fazer justiça com as próprias mãos, mesmo sendo já idoso e correndo o risco de enfrentar ao menos três membros de uma família.
Enfim, nos últimos 20 minutos de filme, é vixe atrás de eita. A coisa desanda, vira uma coisa tão grotesca e surreal que as filhas que eram contrarias as praticas do canibalismo, simplesmente devoram o pai em vida. Poderiam tê-lo matado, poderiam telo esfaqueado e fugido, mas resolvem matar no dente mesmo, saboreando a carne crua do seu próprio pai, coisa que até então não haviam feito (eles preferiam sopa).
No fim, é o médico combalido no chão após tomar uma panelada na cabeça assistindo o pai das meninas sendo devorado pelas filhas enquanto o pequeno se enfia debaixo da mesa para fazer sabe-se lá o que e depois só reaparecer em fuga com as irmãs em um carro, indo sabe-se lá pra onde.