A Lei da Noite (Live by Night, no original) é uma excelente história de gangster pra quem gosta do gênero, nos apresentando boas cenas de perseguição, tiroteios e sangue - mas não se limita à isso. É, sem dúvida, mais um acerto de Ben Affleck na sua carreira de diretor, embora como ator principal ele ainda deixe à desejar.
Ambientada num período chave da história americana, os anos após a 1ª Guerra e a Grande Depressão, o filme usa as características desta época para fazer grandes paralelos com o atual cenário do país, criticando sutilmente os grandes empresários, os racistas, corruptos e xenofobos. Joe é um personagem rebelde e carente pela morte de sua mãe que acaba se envolvendo com o crime e com mulheres erradas apesar de ser extraordinariamente inteligente. Quando tudo dá errado o único caminho que lhe resta é vingar a mulher que amava, morta pelo chefão do crime.
Rapidamente Joe escala a pirâmide da máfia se tornando um dos barões do tráfico de álcool. O filme mostra isso de forma muito interessante pois foca na habilidade de negociação do personagem, e não no uso da força bruta, embora ela ainda ocorra em boas doses. Joe e seus homens só matam quando é necessário, mas quando o fazem é pra valer.
É neste jogo de ética criminosa, tão peculiar dos filmes de máfia, que o filme ganha corpo. Apesar de Joe ser um homem mau, ele ainda é piedoso e sentimental. É interessante quando o chefe policial da cidade aceita trabalhar com ele, mesmo jurando ser incorruptível. Numa ironia bem conduzida, o policial acaba sendo corrompido no final, não pelo dinheiro ou poder, e sim pelo ódio e sede de vingança. Uma boa alegoria para mostrar q ninguém sai ileso ao convívio com o crime, e de certa forma mostra como a vingança, motivação principal de Joe, é um sentimento que sempre fere gente inocente em seu percurso. Muito sútil, mas genial.
No final, num plotwist confuso mas surpreendentemente descobrimos que tudo que Joe fez foi em vão, pois tanto ele quanto o antigo chefão da máfia foram enganados pela mesma mulher.
O elenco é bem robusto, com bons nomes em todas as pontas, até mesmo em personagens com pouquíssimas cenas. A fotografia ressalta o clima tropical da cidade, e a direção de Affleck é bem pontuada, com takes que falam por si só. O ponto fraco talvez seja uma caracterização maniqueísta de certo personagens, e a pouca exploração da trilha sonora. Além da costumeira má atuação de Ben.