Filme sobre Casa Branca, sequestro de presidente, mocinho que salva todos matando todos os bandidos sem levar um tiro, muitas explosões. Ih, lá vem mais um filme de ação repleto de clichês. Tudo bem, mas e se... os próprios personagens tiram sarro desses clichês? Bem, aí o filme começa a merecer uma chance.
Mas não é apenas por isso que O Ataque merece uma chance. É um blockbuster de ação, com pedigree na direção (Roland Emmerich), muito bem feito, que usa e abusa dos takes aéreos (o que deixa o filme lindo e nos deixa morrendo de vontade de conhecer a capital americana e toda história contida naquele lugar – sim, li O Símbolo Perdido de Dan Brown). Explosão tem, mas de forma balanceada, agradando quem gosta e quem não gosta (mas sinceramente, se você não gosta de filme de tiro e explosão, o que está fazendo aqui? Calma, você terá motivos para assistir mesmo sem gostar de tiro e explosão). E tem reviravolta também. Tudo bem, a história é bem batida, porém apresenta reviravoltas interessantes, apesar de não serem extremamente engenhosas. O contraste entre o começo de filme feliz com o pai atrapalhado tentando reconquistar a filha e o meio do filme com mortes e bandidos se dando bem funciona e te faz vibrar diversas vezes com o desenrolar da película. O trio principal de heróis funciona bem, sem grandes pretensões. São deles e entre eles que saem piadinhas muito boas que quebram o clima de tensão das explosões e dos tiros e te tiram algumas risada
(até radar multando helicóptero tem! E você reclamando dos pardais no Brasil)
. Channing Tatum não se prende ao clichê dos tradicionais mocinhos de filmes de ação. Além disso, pasmem,
não aparece sem camisa em nenhuma cena, por incrível que pareça
. Joey King é a filha antenada com blog que não é blog e sim um canal do youtube que fez o seu papel e só, nenhum novo prodígio de holywood. E Jamie Foxx, contente com seu Oscar, faz um papel descontraído de um presidente engraçadinho criado a leite-de-pêra que nunca pisou em um campo de batalha. Nada que vá te tirar lágrimas, pode ir despreocupado.
Os vilões, em minha opinião, são um dos pontos fortes do filme.
São legais, não erram tiros (só no começo do filme) e, pasmem, são americanos
. Lembra quando falei dos clichês lá no começo? Os vilões não são um deles, definitivamente.
Nada de terrorista árabes ou loucos da Coréia do Norte
. A crítica aqui é à paranoia que tanto cresceu nos americanos após o onze de setembro, que não distingue classe ou status social e é encontrada tanto no cidadão trabalhador quanto no chefe de segurança do presidente ou no senador apoiado pela indústria bélica. Destaque para James Wood e Jason Clarke.
O Ataque é um filme sem lições de vida, sem grandes atuações, que te faz vibrar e se divertir bastante durante duas horas. Precisa mais? E não é toda hora que você vê um filme patriota americano que brinca com a paranoia pós onze de setembro ou com os clichês dos filmes de ação.
Porque relógio de bolso dado pela mulher salvando a vida do presidente de um tiro é para rir mesmo
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