A vida não é doce e é tão dura quanto uma rapadura. Lógico, temos nosso momentos dóceis, mas em grande parte, o peso é grande. Para uns menos, para outros mais. Assim, desde pequenos devemos aprender que seremos testados a toda hora e em certas ocasiões, de uma maneira insuportável, perdendo entes queridos, perdendo bens materiais, perdendo tudo..... E sobre nossas vidas, elas fazem parte da grande Mãe Natureza, que em sua selvageria, somos obrigados a nos "defender" dos trovões, das tempestades, dos terremotos, dos furacões, das enchentes, e tendo fé ou sabedoria que no amanhã, o sol pode nascer de novo. E nossa mania de que nós estamos no topo da cadeia alimentar, é devido a estarmos no conforto de nossas casas, pois fora dela, somos (em grande maioria) presas fáceis. Sendo assim, a cada amanhecer temos que nos fortalecer para que quando anoitecer, aprender. E já que a única coisa que não paga imposto é sonhar, nunca deixe de fazê-lo, nunca desista. Qualquer sonho por mais besta que pareça, é a "bobagem" que te fará feliz. E se estás feliz, não há nada neste mundo selvagem que o derrube e que você não possa levantar para encarar, olho no olho. Que lindo este filme! Realmente é uma poesia, disfarçada nas dificuldades de seus personagens, que alegres cantam, dançam e cuidam um dos outros. Que princípio de valores! Não é preciso de muito para ser feliz. Nossa ganância e consumismo nos dificulta enxergar isso, mas deveríamos. O que é viver na miséria para você?..... A beleza de alguém não está em sua roupa, em sua maquiagem ou em seu bens e sim no que ela é. Não tema olhar o espelho, você possui sua beleza, todos possuímos. Mesmo aqueles que insistem em ser "feios". Dar as mãos ao próximo é muito mais bonito do que dar a mão para um anel ou para bater no peito para se gloriar de algo de seu feitio. Não é só o Rio de Janeiro que tem sua beleza por natureza, pois nascemos puros literalmente, mas assim como a cidade, quem estraga são os humanos com suas necessidades desnecessárias... Este enredo do diretor Benh Zeitlin (seu primeiro trabalho nos cinemas) faz pensar e creio que cada um pode ter reações diferentes sendo que em alguns pode despertar certas emoções e em outros, elas estarem ausentes. E o que essa atriz mirim, a Quvenzhané Wallis (nome difícil, eu sei.....) de apenas 12 anos e já próximo dos 13? Na época das filmagens tinha nove anos e encanta com sua presença em cena neste que também é sua estreia nas telonas (hoje já tem no currículo 6 filmes como 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO de 2013). É nítido a "transformação" de sua personagem (Hushpuppy) durante a narrativa, mostrando ao pai (merecedor de um Oscar o ator Dwight Henry, também estreante) que ela não é mais indefesa e está preparada para seguir adiante. E que sintonia perfeita entre Wallis e Henry, que criam um relacionamento entre pai e filha tão forte, mesmo sem um "eu te amo" presente. Se esperas um pai carinhoso, irás se chocar com o que irá ver. Mesmo que a educação da garota seja questionável, para ele, era necessário, e nem por isso deixamos de sentir tamanho amor de um ser por sua cria (creio eu que muita gente vai se identificar com esta relação paterna, eu me identifiquei, meus irmãos irão enfim, podemos não compreender na hora, mas depois tudo fica claro.....). E o que torna assuntos pesados em poesia? Porque a narrativa vem da criança e quando vem de qualquer uma, vem do coração, cheia de alegria e fantasia...